Por que é tão difícil mensurar o impacto das redes sociais nos jovens?
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Um artigo publicado na revista Nature na última terça-feira (14) tentou resolver a seguinte questão: por que é tão difícil mensurar o impacto das redes sociais nos jovens? Muitos estudos já se concentraram nisso, mas a maioria das evidências científicas sobre o impacto das mídias sociais e outras atividades online na saúde mental do adolescente é inconsistente.
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O artigo reconhece que alguns estudos podem relatar efeitos semelhantes, como pequenas correlações negativas entre o tempo gasto nas mídias sociais e as medidas de bem-estar, mas aponta que os pesquisadores divergem quanto à importância que consideram tais descobertas.
Na opinião dos autores do artigo, a comunidade científica não questionou sistematicamente, usando conjuntos de dados ou experimentos em larga escala, como a relação entre o uso de mídias sociais e a saúde mental muda com o estágio de desenvolvimento.
Com isso em mente, os autores fizeram uma análise de informações disponíveis em conjuntos de dados do Reino Unido, contemplando, ao todo, 17.409 participantes de 10 a 21 anos (que foram questionados uso de mídia social e nível de satisfação com a vida).
Para estabelecer como o uso da mídia social e o nível de satisfação com a vida se relacionam ao longo do tempo, o grupo procurou uma conexão entre as estimativas dos participantes sobre o tempo gasto nas mídias sociais e o nível de satisfação com a vida que relataram um ano depois.
A partir dessa análise, o grupo descobriu que, em mulheres, o aumento do uso de mídia social aos 11, 12 ou 13 anos previu diminuição da satisfação com a vida um ano depois. Nos homens, esse padrão ocorreu em participantes de 14 ou 15 anos. Mas para ambos, o aumento do uso de mídia social aos 19 anos previu níveis mais baixos de satisfação.
No entanto, o estudo conclui o impacto da mídia social parece ser bidirecional e complexo. "Ainda assim, a ideia de que a sensibilidade das pessoas a ambientes sociais online pode estar ligada a certas mudanças de desenvolvimento se encaixa com o que sabemos sobre a adolescência a partir de estudos neurocognitivos e outras pesquisas", conclui o estudo.
Os pesquisadores pontuam que é crucial que psicólogos, neurocientistas e outros pesquisadores continuem refinando suas abordagens para entender melhor que tipo de experiências online preparam alguns jovens para depressão, ansiedade, automutilação e uma série de outros problemas de saúde mental, e sua relação com as redes sociais.
Fonte: Nature