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Por que choramos? Cientistas tentam descobrir os efeitos psicológicos do choro

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Chorar é humano. Independente de sexo, cor da pele, identidade de gênero ou crenças, é uma necessidade fisiológica do nosso corpo. Inclusive, desde que, literalmente, saímos do útero de nossas mães, aderimos a essa prática que pode significar muita coisa. As lágrimas podem surgir a qualquer momento, não apenas em situações de tristeza, e isso vem sendo estudado por cientistas até hoje.

No entanto, na fase adulta, nem todo mundo chora. Além de existirem pessoas extremamente choronas, há outras que não choram de jeito nenhum, independente da emoção sentida. Isso fez com que Ad Vingerhoets, psicólogo holandês, e seus assistentes Asmir Gracanin, da Universidade de Rijeka, na Croácia, e Lauren Bylsma, da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, fossem mais a fundo nos estudos para desvendar esse mistério tão antigo que são as lágrimas. 

Antes de descobrir, é preciso entender que o humano é o único ser capaz de chorar. Animais, sem dúvidas, têm lágrimas, mas elas funcionam apenas como uma característica normal do funcionamento ocular, uma forma de lubrificação. E para entender o propósito do choro, seguimos a premissa de que se trata de uma forma social não verbal que busca pela assistência, conforto e amparo social de outras pessoas, tendo isso surgindo em uma evolução da espécie em meio a diversos comportamentos sociais.

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Cientistas já buscaram ainda pela explicação não-social do choro, como uma reação à tristeza e emoções negativas, fazendo com que as pessoas se sintam melhor após uma crise. Porém, quando pedirem pra você "liberar" o choro para se sentir melhor, por exemplo, isso não significa que, necessariamente, você vai se sentir aliviado, pois também existem estudos apontando o choro como algo capaz de piorar o sofrimento.

Com base nesses dois resultados — chorar fazer bem e mal —, a equipe de Gracanin chegou à conclusão que a explicação está em algo traduzido literalmente como "preconceito de memória". Os cientistas explicam que as pesquisas que mostraram que chorar faz bem utilizaram memórias boas em vez de ruins, ou talvez retrospectivas que, na atualidade, possam ter passado uma sensação de melhoria em comparação com o futuro.

Os pesquisadores citam como exemplo um parto, que consiste em um trauma físico e que raramente não leva ao choro, e que no futuro as mulheres tendem a repetir todo o processo, esquecendo-se de como foi a primeira vez. Acredita-se, então, que o choro pós-traumático funciona como uma reformulação da angústia. Outra pesquisa feita pela equipe de Gracanin Vingerhoets, publicada em 2015, mostra que retrospectivas tristes acabam fazendo com que as memórias fiquem mais suaves após o choro, comprovando que houve uma evolução de vida ou do sentimento. 

Já para entender as pessoas que não choram, Vingerhoets se uniu com a Universidade de Columbia, chegando à conclusão que essas pessoas se sentem menos comovidas com estímulos emocionais, tendo experimentado na vida menos conexão e apoio de outras pessoas. Grande parte desses indivíduos acredita que a falta de vontade de chorar acaba impactando negativamente em suas vidas.

Em relação ao choro e a saúde mental, os pesquisadores concluíram que tudo ainda segue como um mistério, com os estudos sendo dificultados por limitações metodológicas. Os cientistas explicam que os estudos existentes trazem visões muito limitadas de estímulo, mas que em sua maioria validam a intuição popular de que as lágrimas fazem as pessoas se sentirem melhor. Ou seja, nenhuma resposta surpreendente.

Filosoficamente, de acordo com os gregos antigos, o choro faz parte de um processo de reparação que ajuda a pessoa a focar na tristeza que está sentindo de uma forma mais visceral, tanto física quanto psicológica. Sendo assim, as lágrimas abrem espaço para se concentrar nos motivos que estão fazendo a pessoa chorar, e depois se lembrar que todo o processo levou a um sentimento melhor no final.

 

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Fonte: Psychology Today