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Pacientes não identificados são reconhecidos em ressonância magnética

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Ney York Times - Mayo Clinic, via the New England Journal of
Ney York Times - Mayo Clinic, via the New England Journal of

Em um experimento assustador, uma tecnologia de reconhecimento facial foi usada para identificar pacientes  não identificados através de ressonâncias magnéticas. E isso pode ser mais comum e perigoso do que se imagina, ainda mais em um eventual ataque hacker. Com posse dessas informações, uma empresa poderia extrair registros médicos para vender anúncios direcionados ou ainda cobrar mais caro por planos de saúde.

Milhares de pessoas recebem todos os dias exames cerebrais, testes cognitivos e genéticos, enquanto participam de pesquisas, contribuindo imensamente para a ciência. Embora esses dados sejam amplamente distribuídos entre os cientistas, a maioria dos participantes assume que sua privacidade é protegida, afinal seus nomes e outras informações de identificação são removidas. No entanto, um grupo de pesquisadores da Clínica Mayo, em Minnesota, resolveu testar essa teoria e relatou suas descobertas nada animadoras, na última quarta-feira (23).

Como funciona?

A imagem de ressonância magnética inclui a cabeça inteira do paciente, inclusive, claro, seu rosto que é normalmente embaçado. No entanto, as tecnologias de reconstrução de imagem avançaram a tal ponto que esse rosto borrado pode ser reconstruído. Em algumas circunstâncias, por sua vez, esse rosto reconstruído poderia ser comparado ao de outros indivíduos, através de um software de reconhecimento facial.

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A pesquisa foi realizada com 84 participantes saudáveis de um estudo com cerca de 2.000 residentes do Condado de Olmsted, em Minnesota. Eram feitos exames cerebrais periódicos em busca de sinais da doença de Alzheimer, além de testes cognitivos, sanguíneos e genéticos. Ao longo dos anos, o estudo acumulou mais de 6.000 exames de ressonância magnética.

Depois que os participantes concordaram com o experimento, uma equipe liderada por Christopher Schwarz, cientista da computação da Clínica Mayo, fotografou seus rostos e, separadamente, usou um programa de computador para reconstruir rostos através das ressonâncias magnéticas. Em seguida, a equipe usou o software de reconhecimento facial para ver se os participantes poderiam ser correspondidos corretamente. O programa foi capaz de identificar corretamente 70 pacientes, em uma porcentagem de acerto superior a 80%. 

Claro que este foi um teste bastante simples. O software de reconhecimento facial só precisava pesquisar fotos de 84 pessoas, não milhares ou milhões. Mesmo que o experimento não seja complexo, está claro que, eventualmente, esta tecnologia pode resultar em um uso preocupante "dos dados médicos armazenados", afirma Aaron Roth, cientista da computação e especialista em privacidade da Universidade da Pensilvânia

Riscos de uso indevido

Agora, imagine que alguém já sabia que uma pessoa em particular participava de determinado estudo científico e, talvez, tivesse alguma informação sobre idade e sexo. Nessas circunstâncias, é muito mais fácil encontrar a ressonância magnética dessa pessoa, do que começar com a digitalização e descobrir a identidade do sujeito, como proposto pela clínica.

A ameaça à privacidade é real, defende Dr. Michael Weiner, da Universidade da Califórnia. O pesquisador dirige um estudo nacional chamado de Alzheimer’s Disease Neuroimaging Initiative, que já registrou 2.400 pessoas saudáveis, ​​em um esforço para encontrar sinais de demência antes que uma pessoa apresente sintomas. Com a publicação da pesquisa pela Clínica Mayo, Weiner avisa que os administradores da iniciativa enviarão cartas aos centros de pesquisa participantes, informando-os sobre o risco potencial de violações da privacidade.

Os dados do estudo são despojados de informações de identificação, como nomes dos participantes e outros elementos identificadores, mas suas imagens de ressonância magnética incluem rostos. A única proteção de privacidade para indivíduos, até agora, é que os pesquisadores que desejam acessar os dados do estudo precisam assinar acordos dizendo que não tentarão identificar os participantes.

A maneira óbvia de corrigir o problema seria remover os rostos das ressonâncias magnéticas armazenadas nos bancos de dados. No entanto, esse processo desfoca a imagem do cérebro. Além disso, fixar imagens dessa maneira não ajudaria a proteger a privacidade de milhões de indivíduos, cujas varreduras cerebrais já foram armazenadas e divulgadas. Agora, os próprios procuram soluções para o problema descoberto. 

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Fonte: New York Times