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O passado controverso dos testes de vacina em humanos

Por| 18 de Julho de 2020 às 16h05

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Retha Ferguson/Pexels
Retha Ferguson/Pexels

Em tempos de coronavírus, muitas instituições do mundo inteiro estão na corrida pelo desenvolvimento de uma vacina. Com isso, uma questão ética vem à tona, que é o teste de vacina em humanos, já que muitas se encontram na fase da realização de testes atualmente. Isso porque, no passado, esses testes eram feitos de uma maneira muito controversa.

Acontece que 60 anos atrás, um experimento com hepatite foi realizado em crianças com deficiência mental na Willowbrook State School (uma instituição para crianças e adultos com deficiências mentais localizada em Nova York, EUA), algo que, hoje em dia, levanta sérias questões éticas sobre os testes de vacina contra a COVID-19. De 1955 a 1970, o Dr. Saul Krugman, um respeitado pediatra de Nova York, queria determinar se havia várias cepas de hepatite e se uma vacina poderia ser criada. Então, na época, as crianças internas foram injetadas com o próprio vírus ou infectadas propositalmente, a fim de terem sua imunidade estudada.

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Na época, não era incomum testar vacinas em crianças. No final do século XVIII, por exemplo, Edward Jenner usou um menino de 8 anos como o primeiro sujeito de teste de sua inovadora vacina contra varíola. Os experimentos com hepatite de Willowbrook eram chamados de "desafio à vacina", sob o argumento do corpo ser intencionalmente "desafiado" com uma exposição direta ao vírus para verificar se um tratamento específico impede alguém de contrair a doença.

Embora o Dr. Krugman tenha acelerado a descoberta de uma vacina contra a hepatite, a ética de seu experimento voltou a ser discutida à medida que testes "de desafio" para uma vacina contra a COVID-19 ficaram cada vez mais próximos de acontecer. Muitos políticos, especialistas em ética na área da saúde e cientistas se manifestaram a favor da ideia de dar a voluntários saudáveis ​​uma dose de uma vacina não comprovada e depois expô-los deliberadamente à COVID-19 para ver se ela oferece proteção contra o vírus.

Mesmo que um teste de desafio para o coronavírus seja aprovado, não há garantia de que levará a um desenvolvimento mais rápido da vacina. Christine Grady, chefe do Departamento de Bioética do Instituto Nacional de Saúde, dos EUA, diz que essa questão ainda não está clara. Já Paul Offit, pediatra e diretor do Centro de Educação de Vacinas do Hospital Infantil da Filadélfia, afirma: “É preciso ter a dose certa. E para obter a dose certa, é necessário fazer esses mini-desafios. Eu não acho que isso vai acontecer".

Até hoje, muitos especialistas em ética usam os estudos de Willowbrook como um mau exemplo de testes com seres humanos. Quanto a esse tipo de teste de desafio, Grady aponta: "É complicado. O primeiro objetivo de Krugman era entender a doença, mas acho que há algumas coisas que certamente não parecem boas e dificilmente seriam aprovadas hoje em dia".

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Testes em humanos

Desafios à parte, as candidatas à vacina já estão sendo testadas em seres humanos em vários lugares do mundo. O Brasil foi escolhido para testar a vacina experimental da Universidade de Oxford, do Reino Unido, por causa do alto número de casos. Nesta etapa, serão selecionados apenas profissionais de saúde ou trabalhadores em atividades de alta exposição ao vírus, como equipes de limpeza de hospitais e motoristas de ambulância. O imunizante, que ganhou o nome de ChAdOx1, foi testado em macacos e conseguiu protegê-los de uma pneumonia viral, ainda que não tenha impedido a infecção em si. Depois disso, passou por um estudo de fase 1 no Reino Unido, etapa que avaliou a segurança do produto.

A Rússia também já está testando uma candidata à vacina em seres humanos. Vai funcionar da seguinte forma: os protótipos serão testados em dois grupos de 38 voluntários cada. Após a vacinação, os 76 voluntários serão colocados em confinamento por 28 dias e serão submetidos a exames de saúde, além de testes para avaliar sua imunidade e possíveis efeitos adversos.

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Fonte: Forbes