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Não, não fomos programados para viver 38 anos… a espécie humana já evoluiu

Por| 15 de Dezembro de 2019 às 14h34

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BBC
BBC

Desde os primórdios da espécie humana, a pressa sempre foi inimiga da perfeição. Talvez, nos tempos mais pré-históricos, ser ágil ao atacar um mamute poderia ser bom, mas sem uma boa capacidade de observação e uma boa leitura de mundo a espécie nunca teria sido capaz de atacar essas “presas” e nem de ter evoluído tanto.

É isso, inclusive, que permitiu que o homem — ou melhor, o Homo sapiens —, pudesse viver muito, muito mais do que seu primo distante, o Hominídeo de Denisova, descoberto na Sibéria. Segundo uma pesquisa com Inteligência Artificial (IA), capaz de estimar o tempo de espécies extintas, essa espécie de hominídeo era programada biologicamente para viver somente até os 37,8 anos, há cerca de 300 mil a 400 mil anos.

Como funcionam as estimativas?

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Desenvolvido pela Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth (CSIRO), na Austrália, a IA é capaz de prever a vida útil de diferentes animais, baseando-se na análise de regiões específicas do DNA que estão ligadas, diretamente, ao envelhecimento. 

Para isso, Benjamin Mayne, da CSIRO, e seu grupo de pesquisadores, precisaram, primeiro, treinar a IA desenvolvida em genomas conhecidos de 252 espécies, que englobavam cinco classes de animais. Estavam inclusos nos testes mamíferos, répteis e peixes, e seu tempo de vida máximo.

Essa IA, então, reduziu as quase 30.000 regiões de DNA para apenas 42, as quais os cientistas acreditam estar relacionadas à vida útil e ao envelhecimento. Dessa maneira, essas variantes foram usadas ​na criação de uma fórmula que pode ser convertida em uma previsão de vida útil máxima.

Até agora os pesquisadores já testaram essa IA em algumas espécies extintas, das quais não se tinha detalhes da expectativa vida, como o Hominídeo de Denisova e também o mamute-lanoso, que viveu no Norte do planeta, que poderia chegar até os 60 anos.

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O grupo do CSIRO também descobriu que as tartarugas da ilha de Pinta, no Oceano Pacífico, poderiam viver até os 120 anos de idade. Mesmo que George Solitário, conhecido como último indivíduo da sua espécie, tenha tido uma vida estimada em 100 anos.

Outro exemplo, que traz alguns conflitos é de que a baleia mais antiga tenha vivido até 211 anos, mas, no entanto, o modelo australiano prevê que a espécie possa viver até 268. É lógico que nessa conta não entram infinitas variantes do ambiente externo, como os predadores, o que pode explicar muita coisa.

É confiável?

 "Nosso método para estimar a vida útil máxima natural é baseado no DNA. Se a sequência do genoma de uma espécie é conhecida, podemos estimar sua vida útil", explica Mayne. Mas segundo o pesquisador, algumas suposições sobre a vida útil podem estar superestimadas, porque o modelo com IA usa os genomas de animais em cativeiro e selvagens.

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De uma maneira geral, a fórmula apresenta oscilações de aproximadamente quatro anos em suas análises, pelo menos quando comparadas com os animais que ainda existem (vivos) no planeta Terra.

Para as espécies existentes, saber quanto tempo elas podem viver é essencial para determinar se estão atingindo seus limites naturais ou se existem fatores que dificultam sua longevidade, explica Mayne. Nesses casos, um dos limitadores poderia ser a caça ilegal.  

E as extintas?

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A previsão fica ainda mais difícil quando são analisados os DNAs de espécies extintas. Isso porque os vestígios do código genético mais antigo tendem a estar mais degradados, o que dificulta sua análise precisa. Portanto, o modelo australiano se aproveita de algumas informações extras, procurando maior precisão.

Para os pesquisadores do CSIRO chegarem à estimativa de 60 anos para o mamute em questão, a equipe incorporou na análise o genoma do elefante africano e, a partir do cruzamento dessas informações, obtiveram uma média. O mesmo cruzamento foi feito, só que com o atual DNA humano, para as estimativas do tempo de vida dos extintos Hominídeos de Denisova.

Nesses casos, procurando calibrar a invenção, os pesquisadores aproveitaram os genomas presentes em bancos de dados públicos, como o NCBI Genomes e o Animal Aging and Longevity Database.

Fonte: New Scientist