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Janeiro Roxo: hanseníase não faz perder partes do corpo e tem tratamento

Por| Editado por Luciana Zaramela | 18 de Janeiro de 2022 às 11h27

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Wikimedia Commons
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Por Rossana Vasconcelos*

Desde 2016, o Ministério da Saúde realiza a campanha Janeiro Roxo, de conscientização sobre a hanseníase. Doença milenar – segundo registros médicos, uma das mais antigas da história da humanidade –, a hanseníase é uma enfermidade infecciosa e contagiosa que evolui de forma crônica e atinge pessoas de qualquer faixa etária.

Ela afeta, principalmente, nervos, mucosas (como a boca, por exemplo), olhos e pele, mas é passível de diagnóstico precoce e tratamento. Atualmente, o Brasil é o segundo país do mundo no ranking de todos que ainda registram casos da doença. Em razão disso, a condição é tratada como questão de saúde pública e tem tratamento gratuito pelo SUS.

Segundo Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde no início de 2021, de todos os casos registrados nas Américas em 2019, 93% foram no Brasil – o que mostra a importância do combate à doença enquanto ameaça à saúde pública. O diagnóstico tardio representa maior ônus para o sistema de saúde e, principalmente, um grande ônus para o doente que, além de enfrentar todos os problemas desencadeados pela doença em si, passa a conviver também com o medo da rejeição.

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O estigma causado pela hanseníase — que, entre outros enganos, diz que as pessoas doentes “perdem” partes do corpo — é um fenômeno observado em todo o mundo, provocado principalmente pelas incapacidades e deformidades causadas pelos casos graves da doença. Não há perda de partes do corpo em casos de hanseníase. Além disso, em razão de puro desconhecimento, esse estigma causa discriminação e preconceito com a doença e o doente.

O contágio se dá de uma pessoa para a outra, por meio de convivência muito próxima e caso haja contato, também muito próximo, e prolongado com as secreções expelidas por alguém que tenha a doença (gotículas de fala, tosses ou espirros). Importante salientar que tocar a pele de um portador não transmite a hanseníase, e a maioria das pessoas possui uma boa resistência contra a bactéria causadora da doença, a Mycobactherium leprae, sendo, portanto, resistente a ela.

A forma inicial da hanseníase pode se manifestar apenas como uma mancha (geralmente mais clara que a pele, podendo ser também acastanhadas ou avermelhadas) com perda de sensibilidade local. Há outros sintomas comuns, entre eles a sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades, áreas da pele com aparência normal, mas com alteração da sensibilidade e da secreção de suor, caroços e placas em qualquer local do corpo e força muscular reduzida (dificuldade para segurar objetos, por exemplo).

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Qualquer pessoa, de qualquer sexo ou idade, pode ter hanseníase. Contudo, em razão de centenas de estudos realizados, hoje se sabe que existe, sim, um componente genético associado à doença (o que torna algumas pessoas mais suscetíveis a ela). Desta forma, o entendimento da comunidade médica é que parentes de pessoas com a doença têm mais chance, proporcionalmente, de contrair a doença.

Quando curados, os pacientes de hanseníase podem ter sequelas que vão desde a diminuição da sensibilidade no local das lesões até deformidades e incapacidades físicas irreversíveis, quando a condição atinge níveis mais graves.

O cuidado mais importante a ser tomado pelo portador dessa enfermidade é iniciar o tratamento assim que a doença for diagnosticada, para evitar sequelas. Os demais cuidados variam com o grau e local das lesões, sendo as lesões em nervos as mais relevantes. É imprescindível que todos os pacientes com os sintomas citados acima e aqueles que convivem ou conviveram com pessoas com diagnóstico de hanseníase sejam examinados no mínimo uma vez ao ano por um dermatologista, para que o profissional mapeie possíveis alterações. Assim, é possível manter um controle da doença e a qualidade de vida do paciente monitorado.

* Rossana Vasconcelos é dermatologista e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.