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EUA teriam sido avisados sobre ameaça do coronavírus em novembro, diz documento

Por| 10 de Abril de 2020 às 12h30

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Andrea Hanks/Fotos Públicas
Andrea Hanks/Fotos Públicas

Uma das coisas que mais ajudaram autoridades de saúde de Taiwan e Coreia do Sul a controlar o surto inicial do novo coronavírus (SARS-CoV-2) foi o fato da então “pneumonia desconhecida” ter sido identificada e seus infectados isolados logo no início. O mesmo poderia ter sido feito nos Estados Unidos, atual epicentro da pandemia do COVID-19, pois, segundo um relatório secreto da Inteligência do país, o governo Trump teria sido alertado sobre a doença no final de novembro do ano passado.

De acordo com dois oficiais, que mantiveram suas identidades sob sigilo, quatro fontes confeccionaram um relatório confidencial (chamado de “produto/avaliação”) para o Centro Nacional de Inteligência Médica das Forças Armadas (NCMI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. O documento teria apresentado detalhes de um contágio que vinha se alastrando na região chinesa de Wuhan, foco inicial da COVID-19. Eles até mesmo teriam destacado mudanças nos padrões de vida e de negócios, com a conclusão de que o vírus seria um perigo em potencial à população estadunidense.

Esse relatório teria sido produzido a partir de análise de interceptações em escutas e computadores, juntamente com imagens de satélite. Inicialmente, o alerta destacava a possibilidade de infecção em integrantes das forças estadunidenses na Ásia. E, claro, também cogitava a possibilidade dessas pessoas transmitirem o patógeno no retorno para casa.

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O texto teria sido amplamente divulgado às pessoas autorizadas a acessar alertas da comunidade de inteligência. Outros boletins teriam circulado por canais confidenciais em todo o governo ianque perto do Dia de Ação de Graças, no dia 26 de novembro. As análises diziam que lideranças chinesas já estavam cientes que a epidemia estava fora de controle.

"Analistas concluíram que poderia ser um evento cataclísmico. [Isso] foi, então, informado várias vezes” à Agência de Inteligência de Defesa, ao Estado-Maior Conjunto do Pentágono e à Casa Branca, disse uma das fontes que escreveram o documento. A partir desse aviso, em novembro, as instruções de prevenção teriam sido veiculadas repetidas vezes até dezembro, para o Congresso e o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca agirem preventivamente.

Secretário de Defesa diz que “não se lembra” do relatório

Uma explicação mais detalhada da situação teria sido entregue ao presidente Donald Trump no início de janeiro. Mas, para que algo efetivamente começasse a ser feito, era necessário cumprir com alguns protocolos de verificação e análise, o que duraria semanas de reuniões com administradores republicanos e democratas.

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Questionado no domingo (5) se o Pentágono teria recebido o alerta do NCMI, o secretário de Defesa dos Estados Unidos Mark Esper disse: "Não me lembro, George (âncora do programa This Week, da BBC). Mas temos muitas pessoas que observam isso de perto. Temos o principal instituto de pesquisas sobre doenças da América, dentro do exército dos Estados Unidos. Portanto, nosso pessoal que trabalha com essas questões avalia isso o tempo todo”. Pressionado para falar se saberia se houvesse informações ao Conselho de Segurança Nacional em dezembro, o oficial afirmou: “Sim. Não estou ciente disso”.

Defesa nega existência do documento

O Pentágono inicialmente não comentou o caso, mas, na quarta-feira (8) à noite, após esse relatório vir à tona, o Departamento de Defesa emitiu uma declaração do coronel R. Shane Day, diretor da NCMI. "Por uma questão de prática, o Centro Nacional de Inteligência Médica não comenta publicamente sobre questões específicas de inteligência. No entanto, no interesse da transparência durante a atual crise de saúde pública, podemos confirmar que a existência/liberação de um produto/avaliação do NCMI sobre o coronavírus em novembro de 2019, como informa a mídia, não é correta. Esse produto não existe na NCMI”, diz o comunicado.

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O Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca e o escritório do diretor de Inteligência Nacional se recusaram a falar a respeito disso.

Fonte: ABC