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Estudo anula conspiração de que o SARS-CoV-2 teria sido criado em laboratório

Por| 14 de Maio de 2020 às 18h31

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Reprodução: Getty Images
Reprodução: Getty Images

Recentemente, cientistas descobriram um novo tipo de vírus vivendo em morcegos, que pode ser um parente próximo do SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19.

A descoberta, no entanto, não acaba com todas as teorias da conspiração sobre a origem do vírus da pandemia que estamos vivendo, mas sugere que estes animais são os hospedeiros mais prováveis do patógeno, desmistificando a suposição popular de que o novo coronavírus foi criado em laboratório, de forma artificial.

O vírus recém-identificado em morcegos é conhecido como RmYN02 e foi encontrado em animais que habitaram na província de Yunnan, no sul da China, durante o segundo semestre do ano passado. Ele foi analisado geneticamente por cientistas chineses, descobrindo que compartilha 93,3% do seu genoma com o SARS-CoV-2.

Este vírus encontrado nos morcegos parece ainda conter inserções de aminoácidos nada comuns em suas subunidades, S1 e S2, da proteína espinhosa. De acordo com os cientistas, esse recurso também pode ser encontrado no SARS-CoV-2 e, frequentemente, pode estar ligado à manipulação artificial. No entanto, uma vez que a inserção S1/S2 está presente no RmYN02, o recurso pode naturalmente evoluir na natureza e não significa uma prova de que foi manipulado em laboratório.

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Weifeng Shi, autor sênior do estudo e professor do Instituto de Biologia Patogênica na China, conta que foi feita a proposta que a inserção S1/S2 é altamente incomum e que, talvez, indicasse a manipulação. "Nosso artigo mostra de forma muito clara que esses eventos acontecem na vida selvagem naturalmente. Isso oferece uma evidência forte contra o SARS-CoV-2 ser o resultado de um escape de laboratório", ressalta.

O RmYN02 não é, no entanto, o parente mais próximo do SARS-CoV-2, segundo o cientista, mas sim o RaTG13, identificado a partir de um morcego-de-ferradura encontrado na província de Yunnan ainda em 2013, compartilhando 96,1% do seu genoma com o novo coronavírus da pandemia atual. De acordo com o estudo, o genoma do RmYN02, no entanto, possui uma longa seção de codificação chamada 1ab, que compartilha 97,2% do seu RNA com o SARS-CoV-2.

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Outro indicativo é que o RmYN02 não conta com o domínio de ligação receptor que o SARS-CoV-2 usa para infectar as células humanas, o que significa que o patógeno seria incapaz de saltar dos animais para os humanos, o que é conhecido como zoonose. Shi explica que, no entanto, ainda há uma lacuna evolutiva entre os vírus RaTG13 e RmYN02, e que eles não são ancestrais diretos do SARS-CoV-2.

"Mas o nosso estudo sugere fortemente que a amostragem de mais espécies selvagens irá revelar vírus que sejam ainda mais próximos do SARS-CoV-2 e talvez até de seus ancestrais diretos, o que vai nos contar muito sobre como esse vírus surgiu nos humanos", completa o professor.

Fonte: Science Alert