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Escassez de frascos de vacina é suprida com tecnologia usada em semicondutores

Por| 30 de Junho de 2020 às 22h00

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Reprodução: SiO2
Reprodução: SiO2

Em cerca de sete meses de existência comprovada do novo coronavírus, mais de 140 candidatos à vacina estão trabalhando para que, logo, a doença pare de se propagar. Desenvolver uma fórmula eficaz é apenas uma das tarefas, que quando finalizada abre espaço para o próximo passo: a fabricação em massa.

Como a COVID-19 atingiu o mundo inteiro, será necessário fabricar uma grande quantidade de doses, que normalmente consistem em duas ou três doses para a imunização completa. Estamos falando de dezenas de bilhões, uma quantidade nunca produzida antes.

Uma das empresas que vêm trabalhando em uma vacina, a AstraZeneca, conta que o maior desafio não é a produção das vacinas em si, mas sim a quantidade de frascos para armazená-las, pois simplesmente não há o suficiente. A companhia AG Schott, considerada um dos principais produtores de vidro médico do mundo, contou em entrevista recente ao site The Wall Street Journal, que recebeu um pedido de produção de um bilhão de frascos para vacina, que seria o dobro de sua capacidade anual de produção.

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As empresas não costumam fabricar esses frascos para deixar em estoque, pois vidros médicos são resistentes, mas não o suficiente para não serem quebráveis. Então, os pedidos não são feitos sem ter a certeza da quantidade de vacina que será produzida. O problema da possível falta de frascos, no entanto, já é algo que vem sendo pensado há bastante tempo, segundo Rick Bright, ex-diretor do BARDA (Biomedical Advanced Research and Development Authority), braço de biomedicina do governo dos Estados Unidos.

Bright publicou um documento revelando que havia notificado as autoridades do país sobre a urgência da produção de suprimentos para a produção de vacinas, como seringas, agulhas e frascos. Em junho, finalmente a Barda assinou contrato com duas fabricantes, depois de o diretor ter deixado a empresa.

O maior problema é que a produção desses vidros depende do derretimento de uma espécie de areia encontrada em leitos de rios e praias. Esses grãos contam com formas irregulares que, juntas, formam um estado mais sólido e robusto de vidro. A demanda por essa areia, no entanto, é muito alta e já chegou a provocar mineração ilegal, com a sua extração sendo considerada pela ONU um dos principais desafios de sustentabilidade deste século.

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Enquanto as fabricantes de frasco de vidro tentam buscar uma solução para suprir essa demanda, outras empresas tentam buscar formas de não deixar ninguém sem a vacina. O uso de plásticos não é recomendado por não preservar muitos dos componentes da vacina, além de provocar a contaminação do líquido. A solução seria não usar apenas o material para produzir os recipientes, mas sim vidro e plástico ao mesmo tempo. 

A empresa SiO2 Materials Science, por exemplo, está testando o uso de plasma na preservação do líquido em um frasco de plástico que se transforma em vidro, e todo esse processo é feito de forma semelhante à produção de semicondutores na indústria de eletrônicos. Esse processo consiste na remoção do ar desses recipientes, substituindo por gás de dióxido de silício que, em baixa pressão, é colocado em contato com um campo eletromagnético através do recipiente. Isso faz com que o gás seja convertido em plasma. Com os elétrons ativados, as moléculas de sílica e oxigênio se tornam muito reativas e se aderem à superfície de polímero, resultando em uma fina camada de sílica pura, matéria prima que compõe o vidro, muito mais densa e segura que as moléculas de oxigênio. 

Antes da pandemia, a SiO2 fabricava cerca de 14 milhões de frascos de plástico com as camadas internas de vidro ao ano para a indústria farmacêutica. Agora, com contrato assinado com a BARDA, 123 novos funcionários foram contratados para produzir cerca de 40 milhões de frascos por ano. A companhia espera também poder contratar mais 100 pessoas para aumentar a produção para 120 milhões até novembro.

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Fonte: Wired