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Diabetes tipo 2 é alerta para doença cardiovascular

Por| Editado por Luciana Zaramela | 02 de Junho de 2023 às 14h22

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S_kawee/Envato
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Para doenças do coração, a hipertensão (pressão alta) e o colesterol elevado tendem a ser os dois principais fatores de risco. Agora, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriram que o diabetes tipo 2 também é um importante sinal de alerta para as complicações cardiovasculares. A boa notícia é que exames de sangue para triagem revelam esses riscos.

Mesmo sem sinais ou sintomas de qualquer alteração no coração, adultos com diabetes tipo 2 podem ter risco aumentado de morte por doença cardiovascular ou ainda por qualquer outra causa, segundo o estudo publicado na revista científica Journal of the American Heart Association (JAHA).

Basicamente, “o que estamos vendo é que muitas pessoas com diabetes tipo 2 que não tiveram um ataque cardíaco e nem histórico de doença cardiovascular correm alto risco de complicações cardiovasculares”, afirma Elizabeth Selvin, professora da Johns Hopkins e coautora do estudo, em nota. O foco da investigação foi entender o porquê.

Como saber se o diabetes é fator de risco para doença cardíaca?

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Nas análises, os cientistas descobriram dois biomarcadores que estão diretamente ligados com o risco aumentado: a concentração da enzima troponina e de um um peptídeo natriurético. A presença delas é que indica o maior risco de complicação cardíaca entre os próprios diabéticos.

Identificar esses dois biomarcadores é possível por exames já existentes, como o teste de troponina cardíaca de alta sensibilidade (TnI-as) e a medicação do fragmento N-terminal do peptídeo natriurético tipo B (NT-ProBNP). De forma geral, esses exames são solicitados apenas em casos de problemas cardíacos, como ataque cardíaco (infarto) ou ainda insuficiência cardíaca, mas são, raramente, solicitados para quem tem diabetes tipo 2.

Só que isso deve mudar, segundo os pesquisadores norte-americanos. Afinal, as taxas elevadas desses biomarcadores na corrente sanguínea devem ser encaradas como um forte sinal de alerta para doenças do coração.

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Estudo sobre os pessoas com diabetes tipo 2

No estudo, os pesquisadores analisaram dados de saúde e amostras de sangue de mais de 10 mil norte-americanos adultos, coletados entre 1999 a 2004. Nenhum dos voluntários tinha alguma doença previamente conhecida que afetasse o coração no início do estudo. Os recrutados podiam ter ou não diabetes.

Observando os dados, os cientistas identificaram que um terço (33,4%) dos pacientes com diabetes tipo 2 apresentava sinais de doença cardiovascular não detectada. Este risco era possível de ser medido pela presença dos biomarcadores, encontrados nos exames de sangue. No grupo sem diabetes, os sinais para problemas cardíacos caíram para 16,1%.

Vale ressaltar que a prevalência da enzima troponina elevada foi significativamente maior em pessoas com diabetes tipo 2 não controlado, ou seja, aqueles indivíduos que não realizam o tratamento adequadamente e têm altos níveis de açúcar no sangue.

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Como o diabetes afeta o funcionamento do coração?

Segundo os pesquisadores, os impactos provocados pelo diabetes não estão diretamente relacionados com o colesterol, mesmo que ambos os problemas possam ser enfrentados por uma mesma pessoa.

“O diabetes tipo 2 pode ter um efeito direto no coração não relacionado aos níveis de colesterol”, afirma Selvin. “Se o diabetes está causando danos diretos aos pequenos vasos do coração não relacionados ao acúmulo de placas de colesterol, então, os medicamentos para baixar o colesterol não vão prevenir os danos cardíacos”, acrescenta. Nesses casos, são necessários tratamentos específicos.

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Fonte: JAHA e American Heart Association