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Covid-19 provocou mais mortes de grávidas e puérperas que em outros grupos no BR

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Janeiro de 2023 às 12h40

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Daniel Reche/PIxabay
Daniel Reche/PIxabay

No primeiro ano da pandemia da covid-19 no Brasil, cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificaram um excesso de óbitos maternos de 40%, incluindo gestantes e puérperas. Após considerar o aumento geral de mortes na população associado ao coronavírus SARS-CoV-2, o valor do excesso de mortes foi estimado em 14%. Na época, vacinas não estavam disponíveis.

Publicado na revista científica BMC Pregnancy and Childbirth, o estudo do Observatório Covid-19 Fiocruz identificou que, no recorte, as mulheres mais afetadas foram as grávidas que estavam no segundo e terceiro trimestre da gestação, quando foram infectadas pelo vírus da covid-19.

"O atraso do início da vacinação entre as grávidas e puérperas pode ter sido decisivo na maior penalização destas mulheres. Destacamos ainda que o excesso de óbitos teve a covid-19 não apenas como causa direta, mas aumentou o número de mortes de mulheres que não conseguem acesso ao pré-natal e condições adequadas de realização do seu parto no país”, comenta Raphael Mendonça Guimarães, um dos autores do estudo e cientista da Fiocruz, em comunicado.

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O que significa excesso de mortes entre grávidas e puérperas?

Vale explicar que excesso de mortalidade, como o apontado pela equipe da Fiocruz, é calculado a partir da diferença entre o número de mortes que ocorreram no período (2020) e o número esperado na ausência da pandemia — este valor é obtido através dos dados de anos anteriores.

Cabe também destacar que o excesso de mortes não foi gerado unicamente pela covid-19. Na verdade, essa porcentagem (40%) engloba tanto mortes diretas pelo coronavírus quanto indiretas. Nesse segundo grupo, são consideradas grávidas que morreram por dificuldade no acesso à saúde ou que não conseguiram fazer o pré-natal de forma adequada, já que os hospitais estavam focados nos desdobramentos da pandemia.

Risco de morte materna por covid-19

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Segundo os pesquisadores, gestantes negras tinham um risco 44% maior de morrer que o grupo de controle de mulheres que não estavam grávidas. Além disso, residir na zona rural e estar internada fora do município de residência tinham um risco 61% e 28% maior de morte, respectivamente.

Além disso, as chances de hospitalização de gestantes com covid-19 eram 337% maiores, quando comparadas com pacientes em geral. Para as internações nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), as possibilidades foram 73% maiores. Quando se analisa a demanda pelo uso de suporte ventilatório invasivo, a necessidade foi 64% maior

Para chegar a estas conclusões, foram usados dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) para óbitos por covid-19 nos anos de 2020 e 2021. Além disso, a análise considerou o Sistema de Informações sobre Mortalidade de 2020 e dos cinco anos anteriores (pré-pandemia).

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Os resultados do estudo brasileiro confirmam outra pesquisa recente, desenvolvida por cientistas da Universidade George Washington, nos Estados Unidos. No levantamento, foi possível observar que o risco de morte de gestantes era sete vezes maior que na população geral, reforçando a importância da vacinação neste grupo.

Fonte: BMC Pregnancy and Childbirth e Agência Fiocruz