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COVID-19 | Como comemorar o Natal e o Ano Novo com segurança

Por| 23 de Dezembro de 2020 às 18h20

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Rodion Kutsaev/Unsplash
Rodion Kutsaev/Unsplash

Estamos muito próximos da conclusão de 2020, um ano para lá de desafiador e cheio de contratempos. Depois de tudo o que vivemos, de tanto medo e de tantas perdas, as festas de fim de ano estão aí. No entanto, mesmo com a tentação de comemorar com as pessoas amadas em busca de um alívio em relação à pandemia e suas consequências, definitivamente, não é hora de relaxar em relação às medidas de proteção contra a COVID-19. A Fiocruz lançou uma cartilha de como comemorar da maneira mais segura possível, e o Canaltech conversou com um infectologista para entender os riscos e os cuidados a se tomar nessa época.

De acordo com Dr. Artur Brito, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Hospital Santa Paula, as consequências nesse fim de ano vão depender muito do quanto as pessoas estão dispostas a reduzir um pouco a interação social para que se tenha um menor número de casos no pós-festas de fim de ano. "A priori, não me parece que é isso que vai acontecer", estima o especialista.

Para o infectologista, o principal cuidado é justamente não chamar familiares e amigos para comemorar as festas de fim de ano. "É claro que a gente sabe que foi um ano difícil. Muita gente sacrificou a interação social ao longo do ano, e muita gente estava esperando que no Natal e no Ano Novo a gente já estivesse em uma situação bem melhor, mas o fato é que não estamos. A principal recomendação é que não aglomere. Se você vive numa casa já com familiares próximos, como pais e irmãos, não vejo um grande problema, porque é o que você faz no seu dia a dia", observa o profissional.

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Mas se as pessoas vivem em casas separadas, principalmente pessoas que vivem em cidades diferentes, a grande recomendação é que de fato não realizem essas festas de Natal e Ano Novo com aglomeração. "Não tem muito como fugir disso. No momento em que a gente está, não existe outra alternativa a não ser evitar por completo esse tipo de comemoração", lamenta o médico.

Essa também é a recomendação da Fiocruz, em sua cartilha própria para as festas de fim de ano. "Mantenha o isolamento domiciliar. Não convide pessoas para sua casa, não faça visitas, nem frequente eventos. Caso você faça parte ou mora com alguém que faz parte do grupo de risco para casos graves de COVID-19 (portadores de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica em estágio avançado, imunodepressão provocada pelo tratamento de doenças autoimunes, como lúpus ou câncer; pessoas acima de 60 anos de idade, fumantes, gestantes, mulheres em resguardo e crianças menores de 5 anos), proteja-se e proteja sua família. Fique em casa e celebre apenas com as pessoas que já moram com você", consta no material.

Segurança nas festas 

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Mas caso você realmente insista em comemorar com amigos ou familiares, a Fiocruz traz algumas recomendações de segurança. "Nenhuma medida é capaz de impedir totalmente a transmissão da COVID-19. Para diminuir os riscos, siga as orientações", afirma a instituição. São elas:

  • Usar máscara sempre que não estiver comendo ou bebendo;
  • Ter um saco para guardar a máscara quando estiver comendo ou bebendo, mantendo-a limpa e seca entre os usos;
  • Ter uma máscara limpa extra, para o caso de necessidade de troca (tempo de uso, umidade ou sujeira);
  • Manter as mãos higienizadas.

Outras recomendações envolvem manter a distância de, pelo menos, 2 metros entre os participantes; evitar apertos de mão ou abraços; dar preferência a locais abertos ou bem ventilados; evitar o uso de ar-condicionado; lavar as mãos com frequência durante o evento com água e sabão ou álcool em gel; não compartilhar objetos, como talheres ou copos; e após tocar em objetos que estejam sendo compartilhados com outros convidados (ex: utensílios para servir a comida, jarras e garrafas), lavar as mãos com água e sabão ou álcool.

"É aquela coisa que o bom senso determina: se você for fazer aglomeração de toda forma, quanto menos pessoas, melhor. No momento que não está na ceia, não está comendo, todo mundo deve usar a máscara. Fazer essa reunião a céu aberto, pelo menos com grande circulação de ar. Se as pessoas estiverem bebendo, e, portanto, sem máscara, mesmo quando não estiverem comendo, manter o distanciamento", enfatiza o infectologista.

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As orientações para festividades em casa envolvem limite do número de convidados de acordo com o tamanho do espaço, permitindo que as pessoas mantenham distância de 2 metros entre si; orientar os convidados a levarem suas próprias máscaras; evitar música alta para que as pessoas não tenham que gritar ou falar alto, considerando ainda que caso alguém esteja contaminado com o vírus, lançará um número maior de partículas virais no ambiente.

Ceia segura

Durante a ceia, também vale colocar regras: não deixar que os convidados formem filas para serem servidos; orientar os convidados a não se sentarem todos reunidos na hora da ceia; organizar espaços separados para pessoas que moram juntas; ter sabão e papel para secagem de mãos disponíveis no banheiro; evitar o uso de toalhas de pano; disponibilizar álcool em gel nos ambientes; utilizar lixeiras com pedais para que as pessoas descartem seus lixos sem precisar colocar as mãos na tampa; e lavar as mãos após esvaziar a lata de lixo são outras recomendações da Fiocruz.

Já quanto ao preparo e forma de servir os alimentos, a instituição orienta a lavar as mãos antes de preparar a comida e usar máscara durante o preparo; limitar o número de pessoas no ambiente em que a comida estiver sendo preparada ou manuseada. Caso ofereça bebidas, a recomendação é disponibilizá-las em embalagens individuais, como latas ou garrafas, arrumadas em baldes com gelo, para que as pessoas possam se servir sozinhas. Oferecer condimentos, molhos para salada ou temperos embalados individualmente, também é uma opção segura, assim como evitar o compartilhamento de utensílios para servir a comida.

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Além disso, pratos e bebidas em recipientes não individuais devem ser servidos por uma única pessoa, e o responsável deve lavar as mãos antes de servir e sempre usar a máscara. Após o evento, a orientação é lavar toda a louça em água corrente e com detergente, ou usar uma máquina de lavar louças.

Festa virtual

Com a pandemia, adaptamos muitos hábitos para a forma remota, como consultas médicas, reuniões de trabalho ou aulas. E por que não trazer essa tecnologia também para as comemorações de fim de ano? É o que muitas famílias vão fazer, tendo em mente matar a saudade e aproveitar a companhia de quem se ama, ainda que virtualmente, mas sem colocar a segurança em risco.

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Essa foi a solução que Rafael Silva, em entrevista ao Canaltech, encontrou para sua família. "Eu decidi que não visitaria meus pais e que se eles quisessem me ver, seria por vídeoconferência. Da parte deles, teve até uma certa pressão psicológica para que eu passasse as festas pessoalmente com eles, mas falei que não me sentiria confortável para sair de casa, e que ainda estou bastante preocupado com a COVID-19", conta. Com isso, Rafael sugeriu que fizessem uma ceia virtualmente.

Vai funcionar da seguinte maneira: em sua casa, Rafael vai preparar os pratos típicos das festas de fim de ano. Os pais dele vão fazer o mesmo, na casa deles. Quando for o momento de cear, todos vão participar de uma vídeoconferência. A ideia é parecer que estão comendo juntos.

"A interação virtual não é suficiente para matar a saudade. Por mais que a gente se veja e se fale pela câmera, não tem aquele negócio do toque, da presença... mas, ao mesmo tempo, é um alívio essa interação ser só virtual. A ideia de não aglomerar nesse fim de ano deveria ser algo que todo mundo tivesse consciência. É uma forma de se proteger. Infelizmente, aglomerar ou não acabou virando uma opção pessoal, quando não deveria ser. É uma questão de saúde pública", opina.

Depois das festas

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Mas se você acha que os cuidados são apenas durante as festas, está muito enganado. Depois das comemorações de fim de ano, é necessário ficar um tempo isolado socialmente. "Se mesmo com as recomendações em contrário a pessoa optar por ir para uma festa de fim de ano, o ideal é que a pessoa fique pelo menos de cinco a sete dias em isolamento, e se houver algum caso de alguém que ficou sintomático após a festa, ao final desses cinco a sete dias fazer um teste PCR para ver se não pode ser um portador assintomático", explica Dr. Artur.

Ele explica que, feito isso, a pessoa já tem um certo grau de segurança de que não está transmitindo o vírus. "É claro que o período de incubação do vírus é de até 21 dias, mas até o sétimo dia se você não tiver sintoma e o PCR der negativo, a chance de estar transmitindo é muito muito baixa. 15 dias é um tempo muito extenso. Sete dias já está de bom tamanho", reconhece o especialista.

O infectologista ressalta que se houver algum sintoma, não se deve ter contato com ninguém em nenhuma hipótese, mesmo se os sintomas forem muito leves e você achar que esse sintoma se deve a qualquer outra coisa. "Os primeiros sintomas do início da COVID-19 são muito inespecíficos, então aquela dorzinha de garganta chata mais leve, uma rinite muito leve… É claro que a perda de olfato e paladar levantam mais alarme, mas sob qualquer sintoma, evitar contato. A gente está chegando em uma fase da pandemia que precisa ser uma restrição consciente. As pessoas tentam encontrar fórmulas de fazer o que não está correto, com o aval de médicos e especialistas. Então não é para fazer festa no fim de ano. Não é para aglomerar. Não tem fórmula mágica se não quiser usar máscara, se não quiser ficar distante", conclui.

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Fonte: Com informações de Fiocruz