Conheça a síndrome rara que faz a pessoa ter odor de peixe podre
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Já imaginou exalar um odor parecido com o de peixe podre? A situação, que pode ser uma “pesadelo”, é realidade para alguns indivíduos que sofrem com a rara doença metabólica trimetilaminúria (TMAU), popularmente conhecida como síndrome do odor de peixe, de origem quase sempre genética.
- Por que não conseguimos sentir o nosso próprio cheiro?
- Comeu alho? Estes alimentos ajudam a neutralizar o hálito
Embora seja extremamente desagradável exalar odor de peixe, através do suor e da respiração, a condição rara não é conectada a nenhum outro problema de saúde, exceto questões psicossociais. Diferente dessa situação, em alguns casos, a pessoa ter hálito de fezes pode ser um indicativo de riscos maiores.
O que é a síndrome do odor de peixe?
"A síndrome do odor de peixe podre ou trimetilaminúria caracteriza-se pela presença de um cheiro típico de peixe podre nas secreções corporais, devido a uma perturbação metabólica pouco frequente”, detalha estudo publicado na Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.
Segundo os pesquisadores, a condição pode implicar em “perturbações psicossociais graves”, como possíveis quadros de depressão, ansiedade, isolamento social e hábitos compulsivos de limpeza.
Além disso, trimetilaminúria tem “maior preponderância no gênero feminino, mas provavelmente encontra-se subdiagnosticada”, afirmam os autores portugueses. Isso porque não existem estatísticas globais sobre a condição.
O que causa o cheiro de peixe podre?
A síndrome é causada por perturbação metabólica que resulta na acumulação no organismo de trimetilamina — proveniente da dieta do indivíduo. É o excesso de trimetilamina no suor, urina e respiração que gera o odor de peixe.
Na dieta, o composto tem origem “em nutrientes presentes no peixe, marisco, cefalópodes, gema de ovo, vísceras e alguns vegetais que são digeridos pelas bactérias intestinais”, afirmam os pesquisadores.
Quando não há essa alteração genética que impede a metabolização completa, a trimetilamina é absorvida no intestino. Posteriormente, é metabolizada no fígado pela enzima FMO3 e resulta em óxido de trimetilamina — este, sim, é um metabólito inodoro excretado na urina.
Além da questão genética — quando a enzima FMO3 não atua de forma esperada —, outras questões podem desencadear a síndrome do odor de peixe, de forma temporária. Entre elas, estão:
- Problemas hepáticos (no fígado);
- Remédios inibidores da enzima FMO3;
- Desequilíbrio no microbiota intestinal (bactérias do intestino);
- Alterações hormonais.
Como é feito o diagnóstico?
Vale lembrar que, em casos de trimetilaminúria, é frequente existir anosmia seletiva para o odor, ou seja, a pessoa nem sempre percebe que está “fedendo peixe”. Na verdade, é quase impossível sabermos quando estamos cheirando mal, mesmo sem ter a condição, segundo a ciência.
Dessa forma, na maioria das vezes, são os familiares e amigos que alertam para o problema. Para diagnosticar a condição, pode ser solicitado um exame de urina que irá medir a trimetilamina na amostra.
Tratamentos para o odor
"Embora não haja cura, existem muitas opções de tratamento simples que podem melhorar drasticamente a qualidade de vida desses pacientes”, afirma outro artigo, publicado na revista científica Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology (JCAD).
Entre as principais estratégias, está o controle da dieta. A ideia é que os indivíduos que enfrentam a síndrome do odor de peixe não comam alimentos ricos em trimetilamina, como peixes. No entanto, é preciso acertar a medida na alimentação e evitar déficits de colina, que é uma vitamina do complexo B, por exemplo. Outras terapias envolvem o uso de antibióticos por um período determinado de tempo.
Fonte: Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e JCAD