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Cientistas revertem problemas cognitivos da Síndrome de Down em ratos

Por| 20 de Novembro de 2019 às 15h20

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The Sun/ Alamy
The Sun/ Alamy

Os pesquisadores buscam, há anos, tratamentos e terapias para a síndrome de Down (SD), que é a causa genética mais comum de deficiência intelectual. Essa síndrome resulta, principalmente, em uma deficiência cognitiva que pode afetar a memória ou a capacidade de aprender de uma pessoa, funções que tradicionalmente foram consideradas como irreversíveis.

No entanto, pesquisadores da Califórnia e do Texas podem estar trilhando um caminho para uma eventual cura (ou controle) da síndrome, e alegam ter revertido os prejuízos causados pela condição em ratos. A novidade deve, potencialmente, levantar uma série de questões éticas no futuro, quando iniciarem os testes em humanos.

Agora, os cientistas da Universidade da Califórnia, em São Francisco, e da Baylor College of Medicine, no Texas, foram capazes de corrigir os déficits de aprendizado e de memória associados à condição. Isso porque a pesquisa mostra que algumas das deficiências intelectuais associadas à SD podem ser atribuídas a alterações na produção de proteínas em uma região específica do cérebro, chamada hipocampo, fundamental para a aprendizagem, a formação da memória em longo prazo e noção espacial do ambeinte.

Detalhes da pesquisa

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Todas as pessoas com síndrome de Down compartilham um ponto em comum: apresentam uma cópia extra do cromossomo 21. Por esse motivo, até agora, grande parte das pesquisas sobre a síndrome de Down se concentravam apenas no fator genético.

“A grande maioria do campo tem se concentrado em genes individuais no cromossomo 21 para descobrir quais estão causalmente relacionados à síndrome de Down e suas patologias. Nossa abordagem foi diferente”, explica Peter Walter, PhD e professor da Universidade da Califórnia.

Em estudo publicado na última sexta-feira (15) na revista Science, os pesquisadores se concentraram nas células produtoras de proteínas no cérebro de ratos com a síndrome. Foi isso que levou o grupo à descoberta inédita de que as regiões do hipocampo dos animais produziam 39% menos proteínas do que as dos roedores considerados normais.

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Para os cientistas, uma análise mais detalhada da questão demonstrou que a presença do cromossomo extra, provavelmente, alterava as atividades das células do hipocampo em animais, e desencadeava uma menor produção de proteínas.

"A célula está constantemente monitorando sua própria saúde", disse o pesquisador Peter Walter em comunicado à imprensa. “Quando algo dá errado, ela responde produzindo menos proteína, o que geralmente é uma resposta sólida [e condizente] ao estresse celular. Mas você precisa de síntese protéica para funções cognitivas mais altas; portanto, quando a síntese protéica é reduzida, você obtém uma patologia da formação da memória", conclui.

Ao bloquear o estresse celular ocasionado pelo cromossomo extra, no experimento, os pesquisadores descobriram que não só poderiam reverter a diminuição da produção de proteínas, como também melhorar a função cognitiva dos animais em laboratório. Mas vale ressaltar que essas mudanças foram fisiológicas e comportamentais.

A descoberta pode ser aplicada em humanos?

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Não necessariamente porque funciona em ratos, funcionará da mesma maneira em humanos. No entanto, os pesquisadores já começaram os testes em tecidos humanos e têm obtido boas respostas iniciais, mas ainda é cedo para chegar a um resultado conclusivo.

Sobre os resultados atuais da pesquisa, "começamos com uma situação que parecia desesperadora", afirma o cientista. Ele complementa que “ninguém pensou que algo pudesse ser feito, mas podemos ter encontrado ouro." Isso porque a descoberta tem grande potencial de mudança na forma como a síndrome foi entendida até hoje pela ciência.

Fonte: UCSF