Cientistas criam "robô de esperma" controlado magneticamente — e, sim, funciona
Por Nathan Vieira • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

Dessa vez a robótica foi longe demais: no último dia 2, um estudo publicado na NPJ Robotics revelou que cientistas transformaram células de esperma em microrrobôs controlados magneticamente e visíveis em tempo real por raios X. A novidade pode abrir caminhos para tratamentos de fertilidade, diagnósticos de infertilidade e até terapias direcionadas contra doenças como câncer de útero.
- Minúsculos robôs entregam medicamentos em partes específicas do corpo
- Quanto tempo um espermatozoide humano pode sobreviver? Resposta é surpreendente
A pesquisa foi conduzida pelo TechMed Centre da Universidade de Twente (Países Baixos), em colaboração com o Radboud UMC e a Universidade de Waterloo (Canadá). Os cientistas revestiram espermatozoides com nanopartículas magnéticas de óxido de ferro. Esse processo os tornou sensíveis a campos magnéticos externos e, pela primeira vez, visíveis sob raios X.
Em testes realizados em um modelo anatômico em tamanho real do sistema reprodutivo feminino, os pesquisadores guiaram os robôs desde o colo do útero até as trompas de falópio, local onde ocorre a fecundação. Segundo o professor Islam Khalil, autor principal do estudo, a ideia é transformar "o próprio sistema de entrega celular da natureza em microrrobôs programáveis”.
Esses microrrobôs podem transportar medicamentos diretamente para regiões de difícil acesso, como útero e trompas, oferecendo uma alternativa para o tratamento de fibromas, endometriose e até câncer uterino. Acompanhar a movimentação de espermatozoides em tempo real pode ajudar a desvendar casos de infertilidade ainda sem explicação e aprimorar técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro.
Outro ponto relevante é a segurança: após 72 horas de exposição em células uterinas humanas, os microrrobôs não apresentaram toxicidade significativa, então podem ter futuras aplicações clínicas.
Um novo horizonte para a medicina reprodutiva
O trabalho, intitulado “Sperm Cell Empowerment: X-Ray-Guided Magnetic Fields for Enhanced Actuation and Localization of Cytocompatible Biohybrid Microrobots”, mostra que unir biologia e robótica pode revolucionar a forma como tratamos problemas reprodutivos e doenças ginecológicas.
Com a possibilidade de visualizar e controlar espermatozoides como nunca antes, os pesquisadores acreditam que o robô de esperma é apenas o começo de uma nova era na medicina microrrobótica.
Leia também:
- Caso de variante genética rara levanta debate sobre limite de filhos por doador
- Mais uma etapa | Pílula anticoncepcional masculina passa em testes de segurança
VÍDEO | ROBÔS NA AGRICULTURA
Fonte: University of Twente