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Após transplante de medula, homem tem sêmen "substituído" pelo de seu doador

Por| 18 de Dezembro de 2019 às 19h30

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Após transplante de medula, homem tem sêmen "substituído" pelo de seu doador
Após transplante de medula, homem tem sêmen "substituído" pelo de seu doador

Já pensou receber um transplante de medula óssea e isso começar a mudar quem você é? Imagina ainda que, gradualmente, você comece a virar outra pessoa, e seu DNA passa a ser substituído — algo até então considerado único — pelo do doador! Essa é a realidade de Chris Long, um funcionário público do estado de Nevada, nos Estados Unidos. Após receber um transplante de medula, coisas estranhas vêm acontecendo e o DNA de seu sêmen já é o mesmo do seu doador alemão — que o americano nunca conheceu.

A história toda começou depois que Long recebeu um transplante de medula óssea do europeu, há mais de quatro anos. Hoje, o impacto inesperado (e registrado) que teve em sua biologia pode afetar o futuro da ciência forense, mesmo que ainda precise de mais confirmações, estudos e explicações.

Com leucemia aguda, que é um tipo de câncer que impede o organismo de produzir sangue normalmente, Long se submeteu ao procedimento cirúrgico, realizado com sucesso. Graças à cirurgia, as células saudáveis ​​de formação de sangue do doador substituíram, lentamente, as células com problemas de Long, permitindo que seu corpo voltasse a produzir sangue normalmente. E é isso que pode explicar o porquê de Long conter traços específicos do DNA de seu doador no seu organismo.

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A descoberta

Talvez, essa mudança aconteça em outros casos de doação de médula óssea, ainda não verificados. Mas o caso de Long só foi pontualmente descoberto porque o paciente trabalha com a ciência forense, investigando traços de DNA em crimes. 

Na época da doação, Renee Romero, diretora do laboratório forense em que o paciente trabalhava, tinha uma teoria de que o transplante de medula óssea poderia afetar o DNA em outras partes do corpo. Por isso, começou a coletar amostras de DNA de Long antes e depois do procedimento, de várias partes do corpo, para que a equipe pudesse comparar as possíveis alterações.

Em algumas circunstâncias, os pesquisadores encontraram o DNA de Long e do doador misturados nas amostras, como quando testaram amostras de saliva coletadas da parte interior do lábio, da mucosa da bochecha e da língua. Já amostras de pelos no peito e fios de cabelo apontavam para o DNA exclusivo de Long.

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O mais surpreendente, no entanto, aconteceu quatro anos após o procedimento de transfusão. Foi quando as amostras do sêmen de Long continham apenas o DNA de seu doador. "Achei incrível poder desaparecer e aparecer como outra pessoa", comentou Long, talvez, sem entender os possíveis impactos desta mudança.

Explicações científicas?

Pesquisadores da área não entenderam os motivos que levaram à transformação do DNA do paciente. Para três especialistas em transplante de medula óssea, essa situação seria impossível e o procedimento não poderia resultar no quadro em que um transplantado produzisse sêmen contendo o DNA de seu doador.

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Já Mehrdad Abedi, o médico que tratou Long na Universidade da Califórnia, alega que a mudança no DNA do sêmen aconteceu porque Long fez uma vasectomia logo após o nascimento do segundo filho. De qualquer forma, a situação inusitada levanta milhões de novas questões sobre o uso do DNA como evidência em processos judiciais.

Isso pode levar a falsas condenações, por exemplo. Atualmente, os cientistas forenses já precisam se preocupar com o DNA de pessoas inocentes que aparecem em algumas cenas de crime. Só que, nesses casos, os profissionais têm o DNA correto para rastrear.

Em um exercício hipotético, Long poderia cometer um crime sexual e, depois dos investigadores coletarem amostras de seu sêmen, descobririam que não seria ele o culpado, mas seu doador de medula, que seria processado e preso. Claro, caso só sejam observadas estas amostras de DNA. 

Fonte: Futurism via New York Times