Anticorpo criado em laboratório neutraliza o coronavírus em testes preliminares
Por Claudio Yuge | 05 de Maio de 2020 às 16h15
Os anticorpos monoclonais são aqueles que vêm de um único clone de um linfócito parental e ajudam a recriar em laboratório as reações semelhantes à do corpo diante de um patógeno. E é exatamente isso que o cientista Berend-Jan Bosch e seus colegas da Universidade de Utrecht, na Holanda, estão testando para combater o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Os resultados têm sido promissores e uma solução conseguiu derrotar o patógeno nas avaliações em ambiente controlado.
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Conhecido como 47D11, esse anticorpo tem como alvo a proteína “spike” que dá ao vírus sua famosa forma de coroa e é a estrutura que abre as portas das células atingidas. Nos experimentos, a solução não apenas derrotou o SARS-CoV-2 como também o coronavírus que causa a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). Os pesquisadores usaram camundongos geneticamente modificados para produzir anticorpos diferentes.
Após um processo de triagem, o 47D11 mostrou capacidade de neutralizar o SARS-CoV-2 e também o SARS-CoV, que causa a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) — responsável por outra grave epidemia na Ásia em 2002. Os pesquisadores, então, reformataram esse anticorpo para criar uma versão totalmente humana.
Essa técnica já é aplicada em medicamentos e tratamentos para o câncer e, agora, podem ajudar também contra a COVID-19. "Os anticorpos monoclonais direcionados a locais vulneráveis nas proteínas da superfície viral são cada vez mais reconhecidos como uma classe promissora de medicamentos contra doenças infecciosas e têm demonstrado eficácia terapêutica para vários vírus", escreveram Bosch e colegas.
Como isso tudo ainda está em estágio inicial e o processo é demorado, pode ser que não seja a solução imediata que todo mundo precisa neste momento. Contudo, esses estudos devem ajudar outras frentes de pesquisa e, no futuro, pode se tornar um remédio para prevenção e/ou tratamento da COVID-19, seja sozinho ou em conjunto com outros medicamentos. A partir de agora, o próximo passo é confirmar esses resultados em ambiente clínico.
Fonte: Bloomberg