Alcoólicos Anônimos chega aos 90 anos e conta com maior participação feminina
Por Melissa Cruz Cossetti | •

Fundado em 10 de junho de 1935, em Akron, no estado de Ohio, nos Estados Unidos, os Alcóolicos Anônimos (A.A.) completam em 2025 os seus 90 anos. De lá para cá, o perfil dos participantes mudou algumas vezes. Atualmente, de acordo com a gestão do A.A. no Brasil, o total de reuniões de composição feminina aumentou 44,7%, se comparados os períodos pré e pós-pandemia do COVID-19.
Hoje são cerca de 65 reuniões de composição feminina, presencial e online, com participação de mulheres no Brasil. Para participar dessas reuniões, não há nenhum custo.
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A ideia é que as pessoas nos grupos compartilhem suas experiências na jornada de deixar a bebida sem que haja julgamentos para que possam ajudar uns aos outros a se recuperar do alcoolismo. Atividade fundamental em grupos de apoio e vem crescendo entre mulheres.
A psicóloga e presidente da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil (JUNAAB), Lívia Pires Guimarães, acredita que o uso de álcool por mulheres é subnotificado e fica oculto, o estigma aumenta e é carregado de adjetivos pejorativos.
“O ambiente em que a mulher costuma beber frequentemente é sua casa. Então, fica invisibilizado”, avalia a especialista.
Contudo, durante a pandemia e com as reuniões virtuais, as mulheres conseguiram encontrar um caminho e um espaço para ter acesso à Irmandade Alcoólicos Anônimos.
“A partir do contato online, começaram a ir para o presencial também, ou permanecer nos dois. E aí o movimento começou a aumentar”, explica.
Todas as reuniões são organizadas e feitas por membros do grupo. São eles (ou melhor, elas) que vão pensar, idealizar, trabalhar para acontecer e fazer para ajudar umas as outras.
O que é o A.A.?
O Alcoólicos Anônimos se define como uma irmandade de pessoas que compartilham experiências, forças e esperanças, a fim de resolverem um problema em comum: se recuperarem do alcoolismo. O único requisito para ser membro é o desejo de parar de beber.
Para ser membro de A.A., não há taxas ou mensalidades.
“Somos autossuficientes, graças às nossas próprias contribuições”, diz o site oficial.
A irmandade também alega que não está ligada a nenhuma seita ou religião, nenhum movimento político, nenhuma organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia e não apoia nem combate quaisquer causas.
“Nosso propósito primordial é mantermo-nos sóbrios”, completa o texto.
A.A. no Brasil
A fundação do grupo é atribuída ao encontro entre Bill Wilson (Bill W.), um corretor da bolsa de Nova York, e Dr. Robert Smith (Dr. Bob), um médico de Akron. Ambos tinham problemas com a bebida alcoólica e, ao trocarem experiências e oferecerem apoio mútuo, perceberam que essa troca ajudava na manutenção da sobriedade de ambos. Esse encontro marcou o início do que viria a ser o hoje famoso programa de recuperação dos Alcoólicos Anônimos.
O movimento cresceu e se espalhou por outros países, como o Brasil, onde chegou em 1947. A partir do Rio de Janeiro, a Alcoólicos Anônimos foi se expandindo para outras cidades e atualmente está presente no Distrito Federal e em todos os estados brasileiros.
Foi em 1946 que o publicitário americano Herberth L. D. (Herb), membro de Alcoólicos Anônimos desde 1943, chegou ao Rio contratado por uma multinacional e tentou localizar membros de A.A. no país, sem sucesso inicial. Em contato com o grupo de Nova York, ofereceu-se como ponte no país e, em 1947, recebeu materiais e o endereço de um outro membro. Embora não se saiba ao certo como o primeiro grupo foi formado, uma ata de 1950 do Grupo Rio de Janeiro registra que a fundação ficou estabelecida oficialmente em 5 de setembro de 1947.
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Fonte: Agência Brasil e AA