Cientistas desenvolvem prótese que funciona melhor que uma mão humana
Por Rafael Rodrigues da Silva |
Se um dos seus maiores medos é o da ciência possibilitar a criação de vilões igual aos dos quadrinhos do Homem-Aranha, já estamos dando o primeiro passo para o surgimento do Dr. Octopus. Isso porque cientistas da Escola Politécnica Federal de Lausanne (Suíça) desenvolveram um novo algoritmo de codificação para sinais vindos de próteses de mão, o que na prática permite a criação de mãos artificiais que possuem uma velocidade de resposta maior do que a de uma mão humana.
O experimento, que foi testado em três pacientes amputados e sete pacientes não-amputados, utiliza um algoritmo de aprendizado de máquina para melhorar a performance da prótese. Primeiro, são colocados diversos sensores no braço do paciente, que irão detectar os diferentes impulsos de atividade neuromuscular para cada vez que o paciente tentar mover um dedo específico individualmente. Essa informação é então traduzida para a prótese, e permite que o usuário consiga controlar cada dedo de forma individual.
Mas a grande sacada está em outro tipo de programação desenvolvida para a prótese. Além dos sensores nos braços, ela também possui diversos sensores de movimento em sua superfície, o que permite que o algoritmo seja treinado para fechar os dedos automaticamente sempre que a palma da mão protética faz contato com um objeto, tornando seu movimento de segurar coisas tão real quanto ao de uma mão biológica e funcional.
E esses sensores podem ser utilizados também para garantir uma pegada muito mais firme do que a da mão humana. Isso porque os sensores da palma da prótese conseguem detectar quando um objeto está escorregando, enviar a informação para o controlador e mudar a posição dos dedos para garantir uma pegada mais firme em 400 milisegundos — tempo significativamente menor do que o que a comunicação da mão humana com o cérebro leva para acontecer. Isso quer dizer que a prótese já ajeita sua pegada automaticamente para garantir que o objeto não escorregue, fazendo os cálculos necessários muito antes do cérebro perceber que ele estava escorregando. Em outras palavras, ao menos nesse tipo de função, mão biônica consegue ser melhor que a natural.
De acordo com a publicação na revista Nature Machine Intelligence, o algoritmo pode ser usado para desenvolver próteses biônicas e interfaces cérebro-computador a fim de ajudar pacientes com mobilidade limitada a não apenas recobrar seus movimentos, mas ter esses movimentos melhorados pela tecnologia, provando que o mundo de Cyberpunk está mesmo logo aí.
Essa tecnologia pode ser especialmente interessante para a Neuralink, uma startup fundada por Elon Musk que tem desenvolvido estudos com o implante de chips em cerébros de pacientes com as funções motoras paralisadas para permitir que eles controlem aparelhos eletrônicos. E o algoritmo descoberto pela Escola Politécnica de Lausanne funciona perfeitamente com a abordagem da empresa de Musk de criar uma verdadeira “via de mão dupla” entre cérebro e máquina.
Fonte: iNews