Twitter começa a suspender contas de quem deslegitima gênero de pessoas trans

O Twitter vai passar a punir quem deslegitimar o gênero de pessoas trans na rede de microblogs, seja afirmando que a pessoa pertence a um gênero diferente do qual ela se identifica (prática conhecida como misgender), seja revelando nomes de registro que não condizem com a identidade assumida por essas pessoas. Parte de uma reformulação de políticas de conduta em relação a assédios e discursos de ódio, a medida visa trazer mais segurança para usuários transgêneros no microblog.

Anteriormente, as políticas de uso da plataforma proibiam "insultos repetidos e/ou não consensuais". Entretanto, com a mudança, as regras incluem utilizar pronomes de desinência de gênero errados ao se referir a pessoas trans, ou mesmo chamá-las por nomes usados anteriormente à transição, mesmo que eles ainda constem em documentos oficiais.

A atualização das regras teve início ainda no início de 2018. "Atualizamos nossos Termos de Serviço no início deste ano com mais detalhes sobre esse tipo de discurso para garantir que nossas regras e como as aplicamos estejam claras para todos", disse um porta-voz do Twitter. Entretanto, as mudanças só receberam atenção após a feminista radical Meghan Murphy ter sua conta na rede suspensa após assediar uma mulher transgênero na plataforma na última sexta-feira (23). Quem também teve sua conta suspensa foi Laura Loomer, conhecida por seus posicionamentos de extrema-direita, também envolvida em assédios de fundo transfóbico.

No Brasil, não há legislações específicas para punir transfobia, mas há um decreto que obriga a administração pública federal a tratar pessoas transgêneras de acordo com a autoidentificação de gênero, o que inclui o uso do nome social e pronomes de desinência de gênero adequados a cada caso.

Ainda não se sabe como o Twitter vai aplicar as sanções a quem desrespeitar os pronomes ou nomes sociais de pessoas transexuais, mas acredita-se que as punições sejam usadas em casos de usuários que divulguem maliciosamente nomes antigos para humilhar pessoas trans específicas, ou em casos como o de Meghan Murphy, em que há nítida intenção de subjulgar pessoas por serem trans.

Fonte: The Verge