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TikTok reforça cultura de dietas tóxicas entre jovens, aponta pesquisa

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 03 de Novembro de 2022 às 18h30

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(Imagem: Eyestetix Studio/Montagem: Kris Gaiato)
(Imagem: Eyestetix Studio/Montagem: Kris Gaiato)
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O TikTok pode ajudar a potencializar uma cultura de dietas tóxicas entre jovens e adolescentes. A afirmação é de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Vermont (UVM), nos Estados Unidos, que revelou como o algoritmo da plataforma enaltece conteúdos negativos para esse público.

Segundo a pesquisa, os vídeos curtos relacionados a alimentação, nutrição e peso tem, na maioria das vezes, um viés negativo e leigo — especialistas tem muito menos alcance nessas "conversas". Entre os conteúdos analisados, as mensagens repassadas para os jovens era de que a pessoa só conseguiria ser feliz sendo magra ou associando a perda de peso como único meio de se ter uma boa saúde.

O estudo é um dos primeiros a examinar conteúdos sobre nutrição e a relação com a imagem corporal em grande escala no TikTok. Foram analisados os 100 principais vídeos de 10 hashtags populares relacionadas ao tema, sendo que cada uma tinha mais de um bilhão de visualizações quando o estudo começou, lá em 2020.

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Um dos fatores que mais chamaram a atenção é como essas hashtags cresceram significativamente, acompanhando a expansão da base de usuários do TikTok. Isso mostra, conforme os pesquisadores, como o assunto "perda de peso" é popular na rede, com bilhões de pessoas assistindo a isso todos os anos.

Preocupação com a desinformação

A pesquisa queria entender o TikTok como fonte de informação sobre nutrição e comportamento alimentar saudável. Em vez disso, se depararam com um cenário extremamente normativo, no qual a redução do peso é associado ao bem-estar e à felicidade, o que obviamente não é verdade.

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Os especialistas ficaram surpresos ao identificar que os principais influenciadores da academia não tem a mesma visibilidade na rede social. Nutricionistas, médicos ou especialista em educação física ficam bem atrás em total de visualizações do que pessoas sem formação alguma, fator perigosíssimo para quem consome o conteúdo.

O perfil consumidor deste estilo de vídeo é branco, adolescente ou jovem adulto e do sexo feminino. Essas pessoas estão recebendo conteúdos de procedência duvidosa, que podem deixá-las infelizes e nada saudáveis, mesmo com a perda de peso desejada. São coisas como dietas malucas, falta de acompanhamento médico e "dicas" sem qualquer comprovação científica de eficácia.

Impacto das redes sociais na imagem corporal

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O resultado é preocupante porque chega no exato momento em que as redes sociais têm sido alvos de críticas por reforçar estereótipos corporais e impactar negativamente na mente dos menores de 18 anos. Esse tipo de material pode levar a sérias doenças psicológicas, como depressão, e ter reflexos físicos, como automutilação, levando até a suicídios.

“Todos os dias, milhões de adolescentes e jovens adultos estão sendo alimentados com conteúdo no TikTok que pinta uma imagem muito irreal e imprecisa de alimentação, nutrição e saúde”, disse a professora associada e diretora do Programa Didático em Dietética da UVM, Lizzy Pope. A pesquisadora diz que a perda de peso em si já algo muito difícil para os jovens, agravado quando se está exposto ao tema o tempo todo.

Nos últimos anos, o Departamento de Nutrição e Ciências Alimentares da UVM passou a adotar uma mentalidade diferente para tratar o peso. Em vez de focar em números, como perder 20 kg, os especialistas passaram a focar no ensino de dietética — ciência voltada para a prevenção e o tratamento de doenças, bem como a promoção da saúde.

Essa metodologia analisa marcadores de saúde e bem-estar para avaliar a condição física, sem fixar a ideia de peso "normal", que pode ser inalcançável para muita gente. "Se a sociedade continuar a perpetuar a normatividade do peso, estaremos perpetuando o viés da gordura. Assim como as pessoas têm alturas diferentes, todos temos pesos diferentes”, explicou Pope.

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O TikTok é uma das empresas mais atuantes no combate a conteúdos negativos para crianças e adolescentes, mas os críticos dizem não ser suficiente. Em julho, a plataforma lançou filtros de hashtag e uma espécie de "classificação indicativa" para os conteúdos. Um mês antes, a rede social foi alvo de uma determinação Secretaria Nacional do Consumidor, vinculada ao Ministério da Justiça, para suspender conteúdo impróprio para menores.

Fonte: Universidade de Vermont