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Por que influenciadores vão a bairros ricos na China para fazer lives no TikTok?

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 17 de Fevereiro de 2023 às 15h26

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Reprodução/Twitter
Reprodução/Twitter

Influenciadores digitais da China adotaram uma técnica inusitada para tentar ganhar mais dinheiro com suas lives. Eles vão para bairros chiques de Pequim e outras grandes cidades do país na intenção de arrecadarem mais graças ao uso do recurso de localização. As pessoas ficam enfileiradas em calçadas, como se fossem moradoras em situação de rua, mas com roupas de marca e acessórios tecnológicos.

A técnica da localização é usada para alcançar moradores daquela região, que costumam ser mais generosos com as gorjetas e recompensas. Quando fazem a marcação, o algoritmo da plataforma tende a exibir o conteúdo para o bairro e redondezas, o que pode atrair gente mais endinheirada.

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Essa estratégia bombou no Twitter após um vídeo mostrar uma rua lotada de streamers, cada qual fazendo sua live em perfis do Douyin (TikTok) e do Kuaishou (Kwai). É possível ver várias pessoas perfiladas falando sobre sua vida, munidas de tripés, ring lights e celulares de qualidade, com a maioria sentada em meio fios ou encostados em paredes.

A arrecadação em si não vem das visualizações, que podem ser até menores nessas regiões, mas dos prêmios recebidos. O modelo de monetização das plataformas chinesas envolve o envio de figurinhas especiais que podem ser convertidas em dinheiro. No fim do mês, as rosas ou as moedas virtuais recebidas são convertidas em dinheiro de verdade pelos criadores.

Como funciona a tática?

Uma influenciadora chamada Nai Nai deu entrevista para o jornal espanhol El Mundo para explicar sobre a sua estratégia. Ela disse que chega a arrecadar 24 mil yuans por mês (cerca de R$ 18 mil, em conversão direta) com lives feitas na rua e o patrocínio de uma marca local.

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Nai Nai transmite diariamente no distrito de Huangpu, em Xangai, pela rede social Douyin. Ali ela dança, faz dublagens, conversa com os seguidores e gera interações com brincadeiras e agradecimentos. Ela garante ter uma média diária de 1 milhão de pessoas a assistindo todos os dias.

A parte curiosa da estratégia é o uso noturno. Muitos influenciadores trabalham durante o dia e usam o tempo livre noturno para transmitir. Isso também ajuda no engajamento, afinal as pessoas endinheiradas também chegam do trabalho somente no final da tarde. Com mais gente em casa, a audiência cresce e mais dinheiro pode ser conseguido.

Os algoritmos do TikTok e do Kwai tendem a apresentar conteúdos regionalizados como uma estratégia para aumentar o engajamento — o motivo é gerar identificação para que mais pessoas se interessem. O que não era tão claro assim era que as lives também passam por esse crivo, então a tendência é de transmissões realizadas na região serem mostradas com prioridade para os moradores.

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Esse não é um recurso para todos, já que ambas as plataformas possuem regras específicas sobre transmissões online. É preciso ter uma quantidade mínima de seguidores e de curtidas nos vídeos curtos para conseguir entrar ao vivo.

China na vanguarda das redes sociais

As redes sociais chinesas foram segmentadas durante muitos anos, exclusivas do país de origem. Hoje, contudo, o movimento de globalização fez do TikTok um fenômeno mundial. O Kwai não é tão popular assim no ocidente, mas faz bastante sucesso no Brasil — especialmente com as mininovelas — e em outros mercados selecionados.

Uma das apostas certeiras foi apresentar um poderoso sistema de monetização, que paga dinheiro vivo para produtores e espectadores. É claro que as quantias são baixas para a maioria, mas podem ajudar no orçamento familiar.

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O relatório anual de Apptopia mostrou que o TikTok foi o aplicativo mais baixado no mundo em 2022, tanto no Android quanto no iOS. O CapCut, app de edição da dona do TikTok, ficou na quarta colocação no ranking. Outro software chinês foi a Shein, uma loja de roupas que envia seus produtos para o mundo inteiro, elencada como a primeira colocada na categoria de comércio eletrônico.

Fonte: El Mundo