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Palestina foi removida do Google Maps? Entenda o caso que dura pelo menos 4 anos

Por| 16 de Julho de 2020 às 14h58

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Pixabay
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A Embaixada da Palestina em Brasília publicou no Facebook que o Maps, serviço de pesquisa e visualização de mapas do Google, teria apagado o estado palestino do mapa. Na postagem, a embaixada afirma que o local onde aparecia o estado de Palestina se tornou "simplesmente uma parte da Grande Israel". A remoção teria acontecido logo nas primeiras horas do dia 14 de julho.

O texto clamava que o "domínio EUA/Israel está tornando a Palestina menos como um país com poucos colonos e mais como campos de concentração". "A Palestina não aparece mais no Google Maps", dizia o texto, apagado pouco após a publicação desta matéria. "Hoje, nas primeiras horas do dia 14 de julho, a Palestina não é mais um local, de acordo com o Google Maps. A faixa de Gaza é mencionada e marcada, mas onde a Palestina existia agora é simplesmente uma parte da Grande Israel", desabafava.

O Fórum de Jornalistas Palestinos também denunciou a suposta prática do Google, alegando que isso seria "um plano israelense para firmar seu nome como Estado legítimo nas gerações futuras e abolir o nome da Palestina para sempre".

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Onde está Palestina?

Não é a primeira vez que a polêmica relacionada ao reconhecimento do Estado da Palestina causa revolta na internet. Em 2016, a hashtag #PalestineIsHere foi criada como uma forma de protesto à suposta remoção do estado do Google Maps na época. Além disso, uma petição circulou online exigindo a "volta" da Palestina ao aplicativo — na época, ela reuniu mais de 200 mil assinaturas.

Mas, afinal, a Palestina foi removida? Em resposta ao jornal The New York Times ainda em 2016, o Google disse que, na verdade, ela nunca foi inserida no mapa. A companhia diz seguir as demarcações definidas pela ONU, que oficialmente não reconhece a Palestina como um país — desde 2012, a Palestina é um Estado observador não membro. Atualmente, 138 países membros das Nações Unidas reconhecem o Estado da Palestina.

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Já faz quatro anos que essa mesma discussão apareceu na internet, e nada mudou desde então. Na época, a jornalista Caitlyn Dewey, do Washington Post levantou uma questão interessante sobre como as empresas de tecnologia são capazes de moldar a percepção de realidade das pessoas.

“Na tentativa de documentar o mundo físico online, empresas de tecnologia acabam moldando nosso entendimento dele, também. Não é uma coisa na qual pensamos com frequência, mas que fica bem claro quando um mapa muda ou alguém diz que mudou, ou quando comparamos mapas diferentes um com o outro” — Caitlyn Dewey, no Washington Post, em 2016.

O que realmente aconteceu para que internautas e até a Embaixada da Palestina em Brasília notasse apenas hoje a ausência das fronteiras reivindicadas pelos palestinos no Maps provavelmente ficará um mistério. O fato é que o problema é antigo e, mesmo com reclamações anteriores, o Google manteve a demarcação com linhas pontilhadas das áreas em disputa.

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Google responde

Em contato com o Canaltech, o Google afirmou que mantém a posição de 2016, enviada ao NYT, e recomendou o link da página de suporte do Maps que explica como fronteiras e nomes de países são representados no serviço. A parte que se encaixa na Questão Palestina diz o seguinte:

”Limites onde há disputas são exibidos como uma linha cinza tracejada. Os lugares envolvidos não concordam sobre um limite” — página de suporte do Google Maps sobre fronteiras e nomes de países.

Há outras áreas representadas da mesma forma pelo Maps, como a região da Crimeia, por exemplo. A península, disputada por Rússia e Ucrânia, pode ser vista de maneiras diferentes dependendo de onde você acessa o Maps: como parte do território russo, no primeiro caso, um estado ucraniano, no segundo, ou área em disputa nos outros países.

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Colaborou Felipe Junqueira

Fonte: Embaixada da Palestina em BrasíliaNew York Times, Washintgon Post