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Investigação britânica revela que Facebook usou VPN para espionar concorrentes

Por| 18 de Fevereiro de 2019 às 17h45

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Uma investigação feita pelo comitê da Câmara dos Comuns do Reino Unido descobriu mais uma coisa que deverá ajudar a minar ainda mais a credibilidade do Facebook para com seus usuários e acionistas: a empresa usava um aplicativo para espionar não apenas seus usuários, mas também seus concorrentes.

O relatório de mais de 100 páginas do comitê relata que, entre outras invasões de privacidade, o Facebook utilizava o Onavo (um programa de VPN que pertence à empresa) para coletar informações sobre outras redes sociais concorrentes — o que viola não apenas as leis de privacidade, mas também as leis de mercado do Reino Unido.

A reportagem revela que, ao coletar informações dos usuários que utilizavam VPNs para ter uma experiência de navegação mais segura, o Facebook conseguia diversas informações sobre quais redes sociais estavam fazendo sucesso entre as pessoas, o que permitia que a empresa de Mark Zuckerberg fazer uma oferta de compra antes da rede ficar realmente famosa ou então tomar medidas para impedir seu crescimento.

A reportagem conclui que foram essas informações que levaram o Facebook a comprar o Instagram por US$ 1 bilhão em 2012, tentar a compra do Snapchat por US$ 3 bilhões em 2013 e fechar a compra do WhatsApp por US$ 19 bilhões em 2014.

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O relatório também teve acesso a e-mails que comprovam que a rede social usou essas informações coletadas via VPN para atrapalhar o crescimento de redes sociais rivais. Um exemplo demonstrado ocorreu em 2013, quando o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, foi informado que o Twitter estava lançando o Vine, um novo serviço para o compartilhamento de vídeos curtos, e que o serviço pretendia utilizar uma API existente do Facebook (e que a empresa costuma liberar para qualquer app) que permitiria seus usuários puxar suas listas de amigos do Facebook e convidá-los a usar o serviço. Sabendo disso, Zuckerberg deu o OK para cortar o acesso do Vine a essa API, impedindo que os usuários do app tivessem acesso a sua lista de amigos no Facebook. Três anos depois, o Twitter escolheu finalizar o Vine por falta de usuários (ainda que a pequena comunidade que o usava fosse bastante ativa, e ainda hoje sente falta do app).

A reportagem também alerta para o número de aplicativos que fazem parte de uma “lista branca” do Facebook, que permite a eles terem acesso não apenas dos usuários que conectam suas contas do Facebook ao aplicativo como também às informações de todos os amigos desse usuário, independente de eles utilizarem ou não o aplicativo em questão. Em novembro de 2013, essa lista contava com mais de 5000 apps — incluindo programas como Lyft, Airbnb e Netflix. Estima-se que o número de aplicativos que fazem parte dessa lista seja ainda maior.

De acordo com um e-mail interceptado pelo comitê, essas companhias se prontificavam a gastar pelo menos US$ 250 mil com anúncios todo ano na rede social para continuarem na lista, mantendo acesso às informações de toda a lista de amigos dos usuários que vinculam suas contas do Facebook ao app. Também foi encontrado um e-mail do próprio Zuckerberg, datado de outubro de 2012, em que ele revela que não tinha nenhum receio de que as informações que a empresa vazava para esses aplicativos acabassem algum dia sendo reveladas para o público.

E, como já sabemos, essa previsão de Zuckerberg não envelheceu bem: no ano passado, a empresa foi multada em mais de £ 500 mil (quase R$ 2,5 milhões) pelo vazamento dos dados de seus usuários no escândalo da Cambridge Analytica. E agora, com as novas descobertas do comitê, tudo indica que a empresa deverá receber multas ainda mais pesadas do Parlamento Britânico.

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Fonte: BBC