Discurso de ódio e posts tóxicos cresceram no Twitter desde a aquisição por Musk
Por Alveni Lisboa • Editado por Douglas Ciriaco |
O Twitter piorou pós-aquisição por Elon Musk em termos de discurso de ódio e posts tóxicos, revela um estudo da universidade estadunidense Tufts University. Nos últimos meses, a rede tem sido palco de uma campanha para testar os novos limites da política de moderação de conteúdo e vários perfis foram criados com o único intuito de espalhar insultos racistas, termos ofensivos e palavras depreciativas para ver até onde as coisas serão liberadas.
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Um levantamento conduzido pela Digital Planet, iniciativa de pesquisa interdisciplinar da The Fletcher School - Tufts University identificou uma queda na qualidade das conversas depois da chegada de Musk à companhia. De julho a outubro, os pesquisadores analisaram mais de 4,5 milhões de “tendências políticas” em publicações no Twitter sobre guerra civil, fraude eleitoral, assédio eleitoral e alegações de pedofilia ou aliciamento de menores de idade.
O resultado encontrado foi um aumento na quantidade de publicações extremistas e tóxicas desde o anúncio da aquisição por Elon Musk. Antes, as conversas que tentavam combater a desinformação, ridicularizar o discurso tóxico ou zombar de quem espalha coisas negativas era muito superior, mas houve um aumento expressivo de liberdade de quem adota práticas nocivas deliberadas.
Segundo os pesquisadores, o objetivo dos extremistas e produtores de discurso de ódio é testar os limites do Twitter. Esse conteúdo negativo leva a um aumento da desinformação, disseminação de fake news, além de tornar o ambiente cada vez menos amigável para os demais usuários.
Twitter reduziu gradualmente a moderação
O levantamento diz que a rede social se esforça para combater essas atividades, mas que teria havido uma diminuição gradual nos últimos dias, agravado pela chegada de Musk ao comando do Twitter. Isso pode ser parte do relaxamento anunciado pelo proprietário da plataforma.
Musk diz ser um defensor da total liberdade de expressão, inclusive para que as pessoas possam fazer posts ultrajantes desde que "dentro da lei". O bilionário demitiu boa parte dos funcionários do Twitter, inclusive no Brasil e em especial pessoas que atuavam na moderação de conteúdo, responsáveis por penalizar quem postava esse tipo de conteúdo nocivo.
“Embora ainda seja muito cedo, há sinais claros de que as contas extremistas estão se tornando mais ativas pós-Musk”, disseram os pesquisadores. Não há dúvidas de que muita gente pode retornar à plataforma com a promessa de liberação total dos discursos. Resta saber se essas pessoas serão suficientes para manter a atratividade da plataforma, especialmente para os anunciantes, que andam deixando de colocar dinheiro com temor sobre o futuro do Twitter.