Que fim levou a Tecnomania, a criadora da lendária TekPix?
Por Vinícius Moschen |

Uma das marcas mais mencionadas nos canais de TV nas décadas passadas, a Tecnomania não existe mais da forma que se conhecia anteriormente. Afinal, a criadora da câmera TekPix não conseguiu fazer com que a popularidade do produto se transmitisse para outros equipamentos.
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A empresa foi considerada um verdadeiro fenômeno nacional, com marketing agressivo em programas de TV aberta e call centers. O foco era atingir o público de cidades do interior, com parcelamento facilitado em muitos meses e o princípio de imediatismo sempre presente.
Por isso, eram comuns frases como “Pode começar a ligar antes que as linhas congestionem”, ou mesmo a promessa de desconto nas parcelas para quem entrasse em contato em um período curto de tempo.
A campanha feita pelo vendedor Juarez Aparecido Pontes Fernandes, ou “Juarez da TekPix”, tornou-se icônica. Com performance entusiasmada, tinha o bordão “Vamos falar de coisa boa? Vamos falar de TekPix”.
Por algum tempo, a estratégia de criar percepção de valor com apelo de multifuncionalidade e preço “acessível” deu certo.
Estima-se que, no auge, tenham sido vendidas até 1.300 câmeras por dia, alcançando cerca de 600 mil unidades comercializadas no total, e R$ 20 milhões de faturamento. Esses números não são oficiais, mas apenas estimativas.
No entanto, por trás do marketing, a realidade não era tão nítida.
O que aconteceu com a TekPix
Na prática, a TekPix era produzida na China, sob o modelo white label — ou seja, com produtos genéricos que recebem marcas locais. Na época, a fabricação chinesa era praticamente sinônimo de baixa qualidade, uma realidade bem diferente da atual.
Por isso, versões muito semelhantes eram vendidas no exterior por cerca de US$ 70 — o que não refletia em muito mais que R$ 300 na conversão da época.
No entanto, no Brasil, os preços poderiam chegar a até R$ 3.500. O “conceito brasileiro” se resumiu apenas em uma estratégia de marketing.
Não demorou muito para a TekPix ter começado a enfrentar críticas devido à sua baixa qualidade. As imagens capturadas com ela tinham resolução abaixo do esperado, com ruídos e pouca nitidez.
As funções de MP3, MP4 e webcam, muito divulgadas nas propagandas, tinham desempenho inferior a produtos similares. Além disso, seu armazenamento total de 32 MB tinha apenas 4 MB disponíveis, e o cartão de memória era vendido separadamente.
Para a Tecnomania, o golpe final chegou com a popularização dos smartphones.
“Vamos falar de coisa boa?”: o bordão que durou mais que o produto
Os celulares logo passaram a ser comercializados com câmeras superiores, qualidade geral superior e preços mais condizentes com o que o mercado esperava.
Em 2013, houve uma tentativa de recuperação da Tecnomania, com o lançamento de um tablet com Android. O equipamento fracassou pelo histórico negativo da marca e tinha especificações simples, com câmera de apenas 1,3 MP. No mesmo ano, a empresa faliu.
De forma curiosa, ainda existe um site da Tecnomania. No entanto, a página mostra apenas o antigo logotipo da empresa, e nada mais.
No entanto, a figura central das propagandas — a do Juarez da TekPix — segue ativa. Afinal, o apresentador permanece no campo da publicidade e marketing, ainda usando o famoso bordão “Vamos falar de coisa boa?” para anunciar serviços de restaurantes e academias, por exemplo.
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