Que fim levou a Foston? A ascensão e queda da marca que dominou os MP3 no Brasil
Por André Leonardo • Editado por Léo Müller |

A Foston dominou os MP3 e MP4 no Brasil nos anos 2000, mas sumiu do mercado tão rápido quanto conquistou uma geração. Em tempos pré-smartphones e sem streaming, seus aparelhos baratos eram alternativa popular ao iPod da Apple.
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Vendida em galerias e mercados populares, a marca virou símbolo de acesso à tecnologia; hoje, resta a pergunta: que fim levou a Foston?
O "canivete suíço" do entretenimento
Os aparelhos da Foston eram conhecidos por serem uma espécie de "canivete suíço" do entretenimento. Eles tocavam música em MP3, exibiam vídeos, fotos, tinham rádio FM. Alguns modelos mais avançados também contavam com uma câmera de resolução modesta, capacidade de ler arquivos de texto e até TV.
A evolução para o "MP-tudo"
Quem viveu essa época lembra do quanto era caótica a nomenclatura desses aparelhos. Tudo começou com o MP3, que tocava áudio (no formato .mp3). Logo veio o MP4, que adicionava a capacidade de vídeo.
A partir daí, o negócio ficou sem limites: surgiram os MP5, MP6, MP7, MP10 entre outros. A cada novo número, os fabricantes adicionavam uma ou outra função, como uma câmera um pouco melhor, suporte a mais formatos de arquivo ou até mesmo emuladores de jogos simples.
Usar um Foston era uma experiência curiosa. As interfaces não eram muito intuitivas, meio lentas e muitas vezes imitavam descaradamente o design de produtos da Apple. A qualidade do áudio era "boa o suficiente" para o que o pessoal podia pagar, e a durabilidade dependia um pouco da sua sorte.
Esses aparelhos representaram um momento de transição. Eram mais do que um simples reprodutor de música, mas ainda não tinham a conectividade e a infinidade de aplicativos que os smartphones trariam poucos anos depois.
O que aconteceu com a Foston?
Após seu período de glória até os primeiros anos da década de 2010, a marca desapareceu. O motivo é resumido em uma palavra: smartphones.
Com a popularização de aparelhos que integravam música, vídeo, câmera, internet e GPS em um único dispositivo, os players dedicados se tornaram obsoletos rapidamente.
A Foston, na verdade, é uma marca e não uma fabricante (os produtos eram importados, geralmente da China, e recebiam a marca Foston). Após a popularização dos smartphones, a empresa parece ter seguido o fluxo do mercado de tecnologia e mudou de foco.
Dessa vez, ela saiu da música para a mobilidade. A "nova" Foston ressurgiu como uma marca no mercado de mobilidade elétrica de baixo custo.
O nome, antes associado a fones de ouvido, agora está estampado em hoverboards e patinetes elétricos que ganharam popularidade, como os modelos S09 e S10 (parecidos com modelos produzidos pela Xiaomi e outras marcas chinesas).
Esses veículos, vendidos no Paraguai para o público brasileiro e por meio de importadores em marketplaces online no Brasil, colocaram a Foston como uma porta de entrada para quem desejava aderir à micromobilidade sem gastar muito.
E aí, é a mesma Foston?
A Foston de hoje tem um site no Paraguai (foston.com.py), mas o catálogo é focado em patinetes, bicicletas elétricas e hoverboards. Não há qualquer menção aos produtos como MP3, MP4, GPS ou qualquer outro eletrônico da fase anterior.
A seção "Quem Somos" não tem informações sobre a empresa, sendo preenchida apenas por fotos de uma loja e o endereço físico: Shopping Paris, em Ciudad del Este, Paraguai.
Não há história da empresa, missão, visão ou qualquer narrativa corporativa.
O detalhe é o aviso de direitos autorais no rodapé do site, que marca o ano de "2019", o que pode sugerir uma criação ou reformulação recente. O Canaltech entrou em contato para obter mais informações, mas não houve resposta até a publicação desta matéria.
Ao acompanhar a história, nota-se que a empresa seguia um modelo de negócios "white label", em que não fabrica seus próprios produtos.
Em vez disso, ela contrata fabricantes, geralmente na China, que produzem itens em massa. A empresa contratante, então, aplica sua própria marca, logotipo e embalagem a esses produtos prontos antes de vendê-los.
A Foston vai seguir na memória afetiva de quem viveu o período de popularização dos "MP Tudo", mas a empresa de hoje tem outro foco outro mercado.
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