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Por que a Alexa domina a casa inteligente do brasileiro

Por| Editado por Léo Müller | 18 de Fevereiro de 2022 às 14h56

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Danilo Berti/Canaltech
Danilo Berti/Canaltech

A Alexa foi eleita a melhor assistente virtual por dois anos seguidos no Prêmio Canaltech, e tem tudo para levar o tricampeonato na edição 2021. E não é só no Brasil: a Amazon dominou o ranking de venda de alto-falantes inteligentes nos EUA, onde há mais opções concorrentes.

Não há dados específicos para o Brasil. No mundo, entretanto, segundo a consultoria alemã Statista, a Amazon tinha no terceiro trimestre de 2021 uma fatia de 26,4% do mercado. O Google ficava com o segundo lugar, com 20,5%. Curiosamente, a assistente virtual da Amazon não tem tanta presença nos celulares, onde o domínio é da Siri, da Apple, seguida pelo Google.

Mas por que a Amazon domina a casa inteligente do brasileiro, enquanto o Google, que chegou com alto-falante poucos meses depois dos dispositivos Echo, em 2019, ficou para trás?

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É o que vou tentar explicar nesta análise, que tem como base dados disponíveis na internet e também a minha experiência pessoal online e offline.

Chegada ao mercado

O primeiro fator é o timing, o momento em que a Amazon resolveu trazer os alto-falantes e telas inteligentes para o Brasil. Mais precisamente, no dia 3 de outubro de 2019, com a Alexa já adaptada para o português. O Google não demorou muito e trouxe o Google Nest Mini no mês seguinte, também adaptado para o nosso idioma.

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Mas há uma diferença muito grande no número de dispositivos. Enquanto o Google trouxe, inicialmente, só o Nest Mini, a Amazon chegou com 'os dois pés na porta', com o Echo Dot e o Echo Show, seguidos pelo Echo, que chegou no mês seguinte.

Desde então, o Google só aumentou a linha com o Nest Audio alguns meses depois, e mantém a oferta de dois alto-falantes inteligentes que falam português no Brasil. Já a Amazon trouxe mais dispositivos e novas gerações de Echo, Echo Dot e Echo Show. Ou seja, tem opção para quase todo tipo de consumidor, ao passo que a Gigante das Buscas tem alcance menor.

Adaptação à nossa cultura

A Alexa está em constante evolução no Brasil, se adaptando aos nossos costumes para ficar sempre pronta a entender aos comandos usados no dia a dia. Segundo a gerente de comunicação para dispositivos móveis da Amazon & Alexa, Marina Zveibil, em entrevista à Folha de S.Paulo, “a Alexa de 2019 não é a mesma de 2021”.

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Quando os Echo chegaram ao país, havia poucas skills e bastante dificuldades em fazer a assistente compreender os comandos de voz. Hoje, ela raramente falha, e a quantidade de skills disponíveis não para de aumentar. E mais: é muito mais fácil adicionar novas habilidades, mesmo para quem não tem conhecimento técnico.

E isso é fundamental. A assistente se adapta e está em constante evolução para entender os pedidos dos usuários. Não é que o Google não trabalhe incansavelmente para tornar seu Assistente mais inteligente, pelo contrário. Mas a quantidade maior de usuários que executam comandos específicos para o dia a dia ajuda demais os desenvolvedores da Alexa.

Com isso, você consegue emitir comandos à assistente virtual da Amazon com mais naturalidade, como se estivesse falando com outro ser humano. O Google costuma compreender, também, mas as palavras precisam ser ditas com mais clareza, sem “comer” sílabas, e em uma ordem mais específica.

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Em outras palavras, a Alexa está mais acostumada às peculiaridades e sotaques de cada região do país. Você não sente que está falando com um robô, coisa que ainda acontece com o Assistente do Google.

Compatibilidade

O ecossistema Alexa é bem vasto, com um número bem grande de dispositivos compatíveis. Os produtos de casa inteligente disponíveis no Brasil precisam de, no mínimo, suporte a Google e Alexa para conseguirem um bom número de vendas. A empresa que tentar focar em apenas uma assistente vai perder mercado.

São mais de 85 mil dispositivos inteligentes compatíveis com a Alexa atualmente. O Google chegou um pouco atrasado e recuperou bastante terreno, mas fica um pouco limitado a produtos desenvolvidos oficialmente com suporte.

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A Alexa, por sua vez, consegue se integrar a alguns produtos que não são listados como compatíveis oficialmente por meio das skills. Eu já precisei adaptar uma lâmpada cuja marca não aparecia na adição de dispositivos dentro do app. Fiz por meio de uma skill, e o controle funcionou normalmente.

E vai além. As skills também permitem que você adicione recursos como pedir comida com comandos de voz para um dispositivo Echo. O Google tem as ações, que é um recurso mais recente e ainda não tem o catálogo de opções tão extenso quanto o de sua maior concorrente nas casas brasileiras — e no mundo, para falar a verdade.

Por que a Alexa domina a casa inteligente do brasileiro?

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Há outros fatores além de todos os que eu já citei, como a propaganda boca a boca. Quando alguém se identifica tanto com um produto como vejo acontecer com muita gente que optou pela Alexa, as recomendações a amigos e familiares se torna natural. E isso é essencial para aumentar a popularidade de uma marca.

A facilidade no comando de ativação da Alexa foi outro ponto que eu havia listado para abordar, mas não achei que mereceu um tópico à parte. É muito natural falar simplesmente algo como “Alexa, coloca ovos na minha lista de compras”. No Google, o comando é mais robótico, e precisa de um “ok, Google” ou “ei, Google” para chamar o assistente antes.

Não se trata aqui de fazer um juízo de qual é melhor. Eu mesmo uso um Nest Mini e o Google Home para controlar meus dispositivos inteligentes. Mas quando chega um produto Echo para avaliar, consigo notar como a conversa é mais natural. E isso é crucial para muita gente optar pelos modelos da Amazon.

Sendo assim, se eu fosse resumir a resposta, diria que a Alexa dominou a casa inteligente do brasileiro porque é mais acessível. E aí todos os pontos que citei se encaixam: catálogo de opções, naturalidade nos comandos, adaptabilidade e conquista do consumidor, que passa a recomendar os produtos.

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Por fim, não vejo o Google muito preocupado em expandir sua presença por aqui. Caso contrário, já teria trazido ao menos um smart display, em vez de insistir com apenas dois alto-falantes inteligentes e confiar em fabricantes parceiras para oferecer mais produtos.

Fonte: Statista, Folha