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Logística no Brasil e sustentabilidade: os desafios da Samsung no Galaxy S23

Por| 06 de Fevereiro de 2023 às 17h54

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Wallace Moté/Canaltech
Wallace Moté/Canaltech
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A Samsung apresentou no último dia 1° de fevereiro a linha Galaxy S23, mais nova geração de sua família de celulares premium. Além dos avanços em câmeras, processamento e outros aspectos dos dispositivos, tivemos também dois tópicos que chamaram a atenção durante o anúncio: o cuidado da marca para uma produção mais sustentável e a chegada imediata ao Brasil, em conjunto com o mercado internacional.

Para entender um pouco mais da importância desses assuntos aos olhos da Samsung, conversamos mais uma vez com Renato Citrini, gerente sênior de produto de Mobile Experience da Samsung Brasil.

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Desafios de Brasil na "lista VIP"

Não é novidade para ninguém que lançar um celular depende de muito mais do que apenas a vontade dos consumidores ou mesmo da filial nacional da empresa. Um exemplo disso é que há anos temos visto um movimento por parte da Samsung para priorizar o Brasil, mas apenas em 2023 tivemos a entrada do país na "lista VIP" de mercados a receberem os flagships da marca já no lançamento global.

Isso se deu por uma série de fatores que tornam o mercado brasileiro um dos mais complexos do mundo, indo desde a capilaridade do varejo físico em um país de dimensões continentais até a confecção das lojas para venda online, treinamento de funcionários e acordos com operadoras, além é claro da necessidade de garantir que todo esse processo pudesse ser feito em sigilo durante meses — tempo necessário para que tudo esteja devidamente organizado na data marcada para o lançamento.

Além de conseguir convencer a matriz global de que todas as barreiras acima poderiam ser superadas, Renato Citrini lembrou que o Brasil possui não apenas uma, mas duas fábricas — Manaus e Campinas — que foram responsáveis por produzir unidades dos Galaxy S23 para preencher estoques por todo o país, o que por si só também ajudou a elevar o patamar da importância do Brasil perante a Samsung.

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'Isso reforça o valor do Brasil perante os olhos da matriz, porque é uma responsabilidade grande você fazer um lançamento no mesmo dia que o produto está sendo anunciado globalmente. Envolve uma série de operações que antes não existiam, quando a gente fazia o lançamento 1 mês, 1 mês e meio depois. Para começar a vender hoje (1/2) a gente já tinha conversado com todos os varejistas, já tinha começado a produção no Brasil, tem muita gente envolvida, o que aumenta a complexidade do aspecto de confidencialidade para conseguir gerar o efeito desejado na primeira hora do lançamento. Tem toda uma questão envolvendo distribuição, logística, timing, quantidade de lojas, tudo isso precisa estar muito bem amarrado para que todo mundo saia vendendo junto. É uma situação nova que foi muito desafiadora, sim, mas também muito positiva."— Renato Citrini, gerente sênior de produto de Mobile Experience da Samsung Brasil.

Ainda sobre a logística, tivemos uma situação peculiar onde a Samsung incluiu em suas campanhas de lançamento uma promoção de "upgrade de memória", onde quem comprar um Galaxy S23, Galaxy S23 Plus ou Galaxy S23 Ultra em sua versão base de memória receberá o modelo subsequente em vez disso — ou seja, comprou um modelo de 128 GB recebe o de 256 GB, por exemplo.

A promoção é válida até o dia 5 de março, e foi necessária uma força-tarefa especial para definir as unidades que seriam fabricadas em cada momento do cronograma de lançamento para evitar que lojas fiquem desabastecidas, tanto durante a validade da oferta quanto em seu término.

"A produção toda começou "pulando" os modelos base de memória, porque ninguém vai querer levar o de 128 GB tendo o de 256 GB pelo mesmo preço. Mas ao mesmo tempo a gente teve que medir e entender quando começar a fabricação desse modelo com menor memória, porque quando chegar lá no dia 6 de março você vai ter que ter as duas opções para a pessoa escolher. Isso tudo é uma operação trabalhada com nossas lojas, temos mais de 300 lojas Samsung no Brasil, além do varejo que também precisa acertar o tempo de distribuição."— Renato Citrini, gerente sênior de produto de Mobile Experience da Samsung Brasil.
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Suporte e "bugs de primeira onda"

Ser o primeiro tem seus benefícios, mas também pode ser uma dor de cabeça em alguns casos. Para evitar que usuários brasileiros sejam pegos pelos chamados "bugs de primeira onda" — aqueles que geralmente aparecem nos primeiros dias após o início da venda global e são corrigidos nas semanas seguintes —, a Samsung investiu no treinamento não apenas do time de venda, mas também do call center, que pode receber reclamações e dúvidas sobre os produtos desde o primeiro minuto de vendas.

Citrini também aproveitou para lembrar que a Samsung tem — além das fábricas — dois centros de pesquisa e desenvolvimento no Brasil, que ajudam a tornar a interface o mais livre de bugs e vulnerabilidade possível, além de ajudar na adaptação da tradução e outras questões regionais.

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"Todo esse preparo que eu comentei de produção e distribuição envolve também o treinamento do time de vendas e do call center. As pessoas podem hoje (1/2) começar a ligar ou chamar no chat e começar a fazer perguntas sobre o produto, e o atendente tem que estar preparado, tem que saber o que está acontecendo. Falha ou vulnerabilidade pode acontecer, e não apenas no lançamento, mas a gente é super preparado, a gente tem dois centros de pesquisa e desenvolvimento e esses caras testam exaustivamente os aparelhos, então raramente passa alguma coisa. Eles chegam num nível de detalhe, até mesmo levando para o lado comercial, de perguntar se vale mesmo a pena lançar determinado update por causa de algo que foi encontrado."— Renato Citrini, gerente sênior de produto de Mobile Experience da Samsung Brasil.

Bixby em PT-BR

Por mais que o Brasil esteja cada vez mais em foco quando falamos de lançamentos da Samsung, não dá para não falar do elefante branco na sala: a Bixby. A assistente pessoal da Samsung recebeu suporte ao nosso idioma ainda no início de 2020, mas desde então não tivemos a chegada de diversas funcionalidades já lançadas para sua versão usada nos Estados Unidos ou Coreia do Sul, como a recém-anunciada resposta por voz em chamadas.

Segundo Renato Citrini, isso se dá muito pelo idioma falado no Brasil. Além de extremamente complexo, o português é falado em poucos locais — e de formas bem diferente —, o que acaba dificultando para o time brasileiro elevar seu grau de prioridade aos olhos da matriz. Com isso, apenas funções mais específicas e de fácil implementação acabam chegando ao Brasil no curto prazo, deixando ações mais completas para o futuro.

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"O time de desenvolvimento do Brasil trabalha em soluções da Bixby, mas por decisão global esses serviços começam na Coreia e depois passam para os Estados Unidos. Aí o que fizer sentido, o que a gente conseguir desenvolver em português, a gente traz. Português é um idioma bem complicado, porque só é falada no Brasil. Até temos Portugal, Angola e outros países que falam, mas o português deles é bem diferente do nosso, ainda mais do que o espanhol falado na América Latina em relação ao da Espanha. Então por isso acaba que temos uma prioridade para idiomas que têm uma maior população falante a nível global."— Renato Citrini, gerente sênior de produto de Mobile Experience da Samsung Brasil.

Galaxy S23 com construção ecológica

Fechamos nossa conversa com Renato Citrini falando sobre o investimento da Samsung em tornar a fabricação de seus produtos cada vez mais ecologicamente correta. Na linha Galaxy S23 tivemos o uso de duas vezes mais componentes reciclados em sua construção, incluindo agora não apenas peças internas como também externas, como painel frontal, filme do vidro traseiro e muito mais. Além disso, são usados agora novos materiais, que vão além de redes de pesca e garrafas PET resgatadas dos oceanos e incluem vidro e alumínio reciclado pré-consumo e até os populares galões de água.

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O executivo lembra que a Samsung vem mostrando uma maior preocupação ecológica na fabricação de seus produtos já desde antes do Galaxy S22, mas foi ali que a marca lançou seu primeiro aparelho feito de fato com materiais reciclados. Ele comenta, porém, que a captação e tratamento do material usado ainda não acontece no Brasil, já que são muitas empresas envolvidas no processo e isso vem sendo feito apenas em alguns poucos locais do mundo, mas que o país está aberto ao assunto e pronto para participar assim que necessário.

"A gente estima globalmente que vai utilizar 15 toneladas de redes de pesca que seriam abandonadas no mar e vai virar matéria-prima de smartphone. É uma coisa bem impactante quando você pensa globalmente. Localmente, quando falamos de insumo, a gente ainda não tem nenhuma parceria no Brasil. Mas claro que estamos abertos a entender se faz sentido, como faz, é um processo que não é tão simples assim, vai desde recuperar o material, limpar, tratar, trabalhar com ele. O Brasil tem duas fábricas, tem toda uma importância, e a gente tá ali na fila para se precisar colocar em pé um projeto como esse, a gente vai querer participar, mas por enquanto não tem nada para poder divulgar."— Renato Citrini, gerente sênior de produto de Mobile Experience da Samsung Brasil.