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Por que Musk comprar o Twitter pode ser muito ruim para a Tesla

Por| Editado por Claudio Yuge | 09 de Maio de 2022 às 18h29

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Reprodução/Raysonho/Wikimedia Commons
Reprodução/Raysonho/Wikimedia Commons
Elon Musk

A aquisicão do Twitter, capitaneada pelo bilionário Elon Musk, poderá trazer grandes problemas para a Tesla se der errado. Para bancar o acordo, Musk deverá usar suas ações na montadora como garantia de dívida. É uma jogada que pode prejudicar tanto os demais acionistas da Tesla quanto as finanças da fabricante de carros e do Twitter, de acordo com reportagem do The New York Times.

A Tesla se tornou uma das empresas mais valiosas do mundo nos últimos anos, mas a maioria de suas ações pertencem hoje a investidores comuns, as pessoas físicas, por meio fundos mútuos e outros meios de investimento. Os papeis da Tesla cairam 24% desde o anúncio de que Musk obteve, no início de abril, uma participação de mais de 9% no Twitter. No mesmo período, o índice de mercado Standard & Poor's caiu 10%.

Musk e seus sócios investiram mais de US$ 20 bilhões (R$ 103 bilhões) para comprar o Twitter, mas o empresário também pretende arrecadar dinheiro a partir de um empréstimo de US$ 6,25 bilhões (R$ 32,2 bilhões) usando ações da Tesla como garantia. E elas custavamo cerca de US$ 12,5 bilhões (R$ 64,4 bilhões) em um momento anterior ao negócio.

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Informações de bastidores sugerem que ainda há risco considerável na aposta de Musk. Um documento ao qual o jornal teve acesso indicou que os bancos exigiam que Musk devolvessem o empréstimo com ações da Tesla no valor de cinco vezes acima do inicial. Além disso, o crédito a Musk também contaria com uma taxa inicial de 0,5% e mais uma taxa de juros de mais de 3% — termos considerados "muito rígidos" por Vicki Bryan, diretora executiva da empresa de pesquisa Bond Angle.

Além disso, os bancos podem ser mais cautelosos porque já emprestaram a Musk antes. Outro documento revelou que no fim do ano passado, antes de montar sua oferta no Twitter, o sul-africano havia prometido mais de 92 milhões de ações para garantir empréstimos pessoais. No entanto, o registro não informava se ele obteve o valor, nem qual era a quantia.

Ainda que Elon Musk já tenha demonstrado habilidade em fazer suas empresas decolarem, como a própria Tesla e a exploradora espacial SpaceX, os acionistas da montadora estão apreensivos com a entrada do sul-africano no arriscado terreno das redes sociais. Primeiro, porque a Tesla não deve ser líder no mercado de carros elétricos para sempre, à medida que concorrentes Ford, Hyundai e Kia avançam com bons veículos.

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Segundo, porque o Twitter pode distrair Musk de dirigir sua empresa de carros e seus outros negócios mais lucrativos. Um risco também alto, considerando que o bilionário adora polemizar no Twitter e isso pode colocá-lo em rota de colisão com reguladores dos EUA e internacionais sobre a moderação de conteúdo da rede social. Em resumo, Musk terá questões econômicas e políticas de diversos níveis para lidar nos próximos meses com a compra da plataforma.

Fonte: New York Times