Robótica é essencial para avanço da indústria brasileira, afirma líder do Senai
Por Elisa Fontes |

A indústria brasileira tem um grande potencial para se desenvolver na manufatura digital e na robótica, mas para isso vai precisar superar desafios que hoje a colocam numa posição desprivilegiada no cenário mundial. Essa é a visão do líder do Instituto Senai de Inovação em Sistemas de Manufatura em Joinville (SC), Ismael Secco, um dos convidados do HJ Conference, evento de empreendedorismo que acontece em Concórdia, no interior de Santa Catarina.
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À frente da criação do maior centro de robótica do Brasil, o CTROB (Centro de Tecnologia em Robótica), o palestrante falou ao Canaltech sobre o momento do Brasil em relação à inovação industrial e comentou como a indústria 4.0 tem moldado o futuro.
Segundo ele, Santa Catarina se tornou um dos polos tecnológicos no país e, a partir do CTROB, fornece a fabricação de máquinas e equipamentos que ajudam na produtividade das empresas, acompanhando novas tendências.
“Hoje, o Instituto atua fortemente dentro do cenário da robótica. Somos parceiros de grandes players como a Petrobras, no desenvolvimento de soluções, alavancando cada vez mais a necessidade de substituir operações que coloca os colaboradores em risco, com exposição a um ambiente de escalada, com espaço confinado, e a gente opera em transformar esse problema numa solução robótica”, explicou Secco.
Descompasso brasileiro no cenário global
O especialista analisou que ainda há muito a se trabalhar em termos de automação da indústria brasileira. Muitos setores ainda contam com trabalhos manuais, como a agroindústria, a mineração e a construção civil, que têm espaço e tendências de investimento em robótica.
“A gente pega países asiáticos como a Coreia do Sul, onde temos 1.000 robôs para cada 10.000 trabalhadores, e hoje no Brasil, a gente está com algo não mais que 17 trabalhadores para cada 1.000 trabalhadores. Então, o campo de exploração é muito grande”, afirmou.
O líder do Instituto SENAI também afirmou que a escolha pela inovação deve nortear a indústria, desde que seja uma decisão estratégica e feita em um momento oportuno. “É entender em que nível de maturidade aquela indústria está para diferentes tecnologias”, orientou.
Indústria 4.0 para um crescimento otimizado
O movimento pela automação ganha ainda mais força com a chamada indústria 4.0, que significa a aceleração e o monitoramento de diversos processos com a colheita de informações e dados e, com isso, a tomada de decisão mais assertiva.
Ismael Secco destacou que a indústria 4.0 acelerou pilares como a manufatura digital, a manufatura aditiva (como a impressão 3D), a robótica, o IoT (Internet das Coisas) e a conectividade, além de redefinir o papel do trabalho humano. Com a inteligência artificial, o setor tem a possibilidade de processar dados para diferentes finalidades, como a predição de possíveis falhas e otimização de procedimentos.
Para isso, o especialista avalia que é preciso fazer estudos robustos para adotar as soluções da indústria 4.0. Setores que olham para a questão do ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) e acompanham as inovações tecnológicas em IA conseguem sair na frente, segundo ele.
“Essa onda trouxe a possibilidade da gente customizar de forma mais rápida nossos produtos, mas os novos modelos de consumo exigem muito mais do que isso. Exigem que você tenha rastreabilidade, que você tenha um produto cada vez mais sustentável”, explicou.
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