Por que a Geração Z prefere "bicos" do que subir na carreira corporativa?
Por Marcelo Fischer Salvatico |

A definição de sucesso profissional é um pouco diferente para a Geração Z do que para outros grupos. Uma pesquisa da Glassdoor com Harris Poll mostra que mais da metade dos jovens dessa geração mantém trabalhos paralelos, os “bicos”, para complementar renda, enquanto apenas 14% ocupam cargos de gestão aos 27 anos.
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De acordo com os dados da pesquisa, a questão não está na falta de ambição, mas sim em como a Geração Z vê a escalada corporativa. 68% dos profissionais dessa faixa etária afirmam que recusariam promoções para cargos de liderança caso não viessem acompanhadas de aumentos significativos de salário ou status.
Muitos destes jovens viram seus pais e avós se manterem no mesmo emprego por décadas, buscando subir na escala corporativa e, por vezes, aceitando algumas condições de trabalho que não consideram ideais.
Agora, vemos o fenômeno, chamado de “minimalismo de carreira”, que mostra que a geração prioriza a flexibilidade e múltiplas fontes de renda ao invés de buscar subir na hierarquia tradicional do mercado de trabalho.
A relação da Geração Z com a carreira
A cultura do “bico”, ou trabalho paralelo, nunca foi tão forte entre os profissionais jovens.
Os dados da pesquisa do Glassdoor-Harris Poll mostram uma disparidade entre gerações: enquanto 57% da Geração Z e 48% dos Millennials possuem fontes alternativas de renda, apenas 31% da Geração X e 21% dos Baby Boomers adotam a prática.
O cenário reflete a nova filosofia profissional. Para as gerações anteriores, o sucesso estava em subir degraus na hierarquia corporativa até alcançar um cargo na sala da diretoria. Já para Geração Z, a autonomia e segurança através da diversificação de atividades é prioridade, no que especialistas chamam de “carreiras-portfólio”, onde o profissional pode exercer funções das quais as tarefas lhe agradam mais.
O contexto econômico também ajuda a explicar a transformação. 73% dos profissionais de tecnologia, por exemplo, dizem se sentir “presos” em seus empregos, ou seja, não conseguem encontrar novas e boas vagas e nem crescer em seus cargos.
Enquanto isso, a taxa de pedidos de demissão, em 1,9%, está em seu menor nível desde 2015 nos Estados Unidos. Assim, os jovens perceberam que a lealdade corporativa não garante, necessariamente, estabilidade, porque o crescimento está limitado e as demissões continuam acontecendo.
A alternativa se torna, então, os trabalhos paralelos. E os números de empreendedorismo nos EUA confirmam essa tendência. As aplicações para novos negócios saltaram de 293 mil por mês em 2019 para 431 mil em 2024.
A Geração Z não está abandonando o trabalho, mas sim reinventando a forma de trabalhar.
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