Mais de 35 milhões de brasileiros não apresentam registros financeiros
Por Giovana Pignati | Editado por Claudio Yuge | 18 de Abril de 2023 às 16h05
O Serasa Experian realizou uma pesquisa que identificou 35,7 milhões de brasileiros sem registros financeiros, ou seja, 21,7% da população adulta do país não possui contas de consumo, financiamentos, empréstimos ou faturas de cartão de crédito registrados em seu CPF, ou no Cadastro Positivo.
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Essa população "invisível", também chamada de "Thin Files", é geralmente composta por pessoas que não usam o crédito regularmente e, portanto, não possuem registros de atividades, além de jovens que ainda não iniciaram a sua financeira e não possuem encargos.
Não é uma questão de endividamento
O estudo revela que 80,5% das pessoas sem informação de crédito não são negativadas. No entanto, devido a falta de informações, podem ter dificuldades ao obter aprovação para empréstimos e cartões de créditos, além de serviços fora do setor financeiro, como a contratação de telefonia e internet.
Roger Cruz, Head de Sustentabilidade da Serasa Experian, disse em e-mail enviado ao Canaltech, que nem sempre estar invisível ao crédito significa que a pessoa não é "boa pagadora", visto que pode ser uma preferência por pagar à vista ou por terem suas principais contas em nomes de familiares, por exemplo.
"O problema é que se essas pessoas poderão ter dificuldade de acessarem o crédito ou mesmo quando conseguem, encontram limites mais baixos e taxas de juros mais elevadas, pois o mercado ainda não conhece seu comportamento financeiro", explica Cruz.
O gerente ainda afirma que, por vezes, a necessidade de acesso a crédito é entendida como um amparo a situações emergenciais ou de indisciplina financeira. No entanto, é importante conscientizar os brasileiros sobre o crédito como uma medida de inclusão.
"O acesso a crédito pode abrir portas para realização dos sonhos como estudar, adquirir casa própria, empreender, fazer uma viagem, ou até cuidar da saúde", complementa Roger.
Perfil do público
O levantamento traz uma análise nacional demonstrando o perfil deste público, incluindo idade, renda e região. Conforme demonstra o quadro abaixo, a maior parte dos Thin Files (19,5%) têm entre 21 e 30 anos, seguidos pelo grupo de 18 a 20 anos (15,3%). A menor parcela de pessoas sem registros financeiros são os com idade entre 61 e 70 anos, registrando 8,5%.
Outro dado importante para entender o perfil deste público é a sua renda, visto que 77,14% das pessoas sem registros financeiros possuem de 0 a 1 salário-mínimo — contribuindo para a tese de que trata-se de jovens que não iniciaram ainda a sua vida financeira. O quadro revela ainda que menos de 1% das Thin Files recebem mais de 4 salários-mínimos.
Os três estados com maior número de pessoas sem registro de crédito estão na região Sudeste, são eles: São Paulo (19,4%), Minas Gerais (10%) e Rio de Janeiro (8,3%). Os estados com menor número de Thin Files são da região Norte: Acre (0,5%), Amapá (0,4%) e Roraima (0,3%).
Acesso ao crédito e inclusão financeira no Brasil
Para Roger Cruz, estar invisível aos serviços financeiros não significa falta de dinheiro, mas pode atrapalhar a obtenção de crédito. Os Thin Files compreendem mais de 35 milhões de brasileiros, e grande parte destes, gerando renda. Ele afirma que, além de uma oportunidade social, a inclusão financeira é uma oportunidade de negócios:
“Garantir acesso das pessoas e empreendedores ao sistema financeiro pode trazer benefícios para as empresas que, ao adaptarem seus produtos às necessidades deste público, podem ter uma nova fonte de receita. Para os consumidores e empreendedores, amplia a possibilidade de conseguir crédito no mercado, fazendo o motor da economia girar e criando uma sociedade mais saudável do ponto de vista econômico”, diz Cruz.
Visando aumentar a inclusão financeira no Brasil, a Serasa Experian, em parceria com a ACE Cortex, vai acelerar startups de todo o país cujos produtos tenham potencial de transformar a saúde financeira dos brasileiros. O programa "Impulsiona Startups" selecionará seis empresas com modelos escaláveis que promovam inovação e impacto social para consumidores e empreendedores.
Os interessados podem se cadastrar até o dia 20 de abril pelo site do Impulsiona Startups.