Elon Musk diz que não respeita SEC, órgão que regula transações nos EUA
Por Wagner Wakka | 10 de Dezembro de 2018 às 21h31
Neste ano, Elon Musk passou maus bocados com a Comissão de Títulos e Câmbio, chamada de SEC na sigla em inglês. Isso por conta da suspeita de que o CEO da Tesla teria tentado manipular as ações da companhia, ao informar pelo Twitter que fecharia o capital da montadora. O caso repercutiu de forma muito negativa e culminou em investigação pelo SEC. Contudo, isso não parece ter sido suficiente para amedrontar o excêntrico endinheirado.
Por conta do anúncio de que ele abriria o capital, a SEC passou a exigir que seus posts, incluindo os do Twitter, passassem a ser registrados. No programa dominical da CBS, chamado 60 Minutes, ele foi claro em menosprezar o órgão. Em um certo momento da entrevista, a apresentadora Lesley Stahl pergunta a Musk se seus tweets passaram a ser monitorados após o evento. Depois de claras negativas, ele fala de forma irônica que apenas os tweet sque podem influenciar em ações na bolsa relativas à Tesla.
Neste momento, então, a apresentadora questiona que, se ninguém está vendo os posts antes de serem publicados, como que podem prever que não podem influenciar as ações. Aí que Musk passa a ser mais incisivo: “Eu quero ser bem claro aqui, eu não respeito a SEC. Eu não os respeito”, frisou.
A Tesla contratou uma empresa de relações públicas para lidar com a crise, o que havia levantado a suspeita de que seus tweets não eram mais autênticos. Contudo, Musk nega. Em comunicado, a Tesla contrariou seu próprio CEO. "Podemos confirmar que o acordo está sendo cumprido. Isso inclui ter uma política [que tecnicamente precisa estar em vigor até 28 de dezembro] que requer a pré-aprovação de qualquer comunicação que possa conter informações relevantes", informou a companhia.
Como o acordo prevê que que tal prática comece somente em 28 de dezembro, Musk ainda tem a liberdade de caminhar com as próprias pernas em suas redes sociais.
Entenda o caso
Em agosto deste ano, Musk informou pelo Twitter que tinha intenção de fechar o capital da Tesla e que havia fundos garantidos para isso. Tal informação repercutiu no aumento das ações da Tesla na Bolsa de Valores. Nas semanas seguintes, contudo, houve a descoberta de que todo o arranjo não passou de uma afobação do CEO, que já contava com um fundo de investimentos saudita para bancar o processo.
Após negativa dos sauditas e pedido claro dos acionistas de que não fechasse o capital da empresa, Musk voltou atrás na decisão. Todo o processo, contudo, rendeu a investigação e imposição da SEC para que as comunicações da Tesla não fossem mais feitas pelo Twitter de seu CEO, mas sim apenas pelos canais oficiais.
Tal episódio também rendeu a Musk a perda da cadeira no conselho administrativo da empresa, embora ele ainda se mantenha CEO da companhia e sócio majoritário. Musk se defende sob o pretexto de que a supervisão de sua conta na rede social fere a liberdade individual. A questão deve se agravar no dia 28, quando a política passar efetivamente a valer para o CEO.
Fonte: Ars Technica