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Um terço dos gorilas da África está ameaçado devido à mineração

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Abril de 2024 às 16h19

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Max Christian/Unsplash
Max Christian/Unsplash

Gorilas, chimpanzés, bonobos ou outras espécies de grandes primatas estão em risco de extinção no continente africano por causa da mineração, atividade econômica associada com a retirada de minerais da terra — como cobre, lítio, níquel e cobalto — para a produção de baterias, entre outros fins. Para ser mais preciso, a vida de um terço desses animais está ameaçada diretamente ou indiretamente, o que equivale a 180 mil espécimes, segundo relatório da organização Re:wild.

“A falta de compartilhamento de dados por parte das iniciativas de mineração dificulta a nossa compreensão científica do verdadeiro impacto [deste setor econômico] nos grandes primatas e no seu habitat”, afirma Jessica Junker, cientista e principal autora do levantamento, em nota. Diante desse cenário, a nova pesquisa é um dos primeiros esforços em quantificar o problema.

De forma geral, sabe-se que esses animais são afetados pela poluição provocada pela atividade de extração, além da perda de habitat, atividades de caça (que cresce com a chegada de humanos para trabalhar nas mineradoras) e proliferação de doenças.

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Riscos da mineração na África

Para identificar quantos animais estão em risco por causa da mineração, o estudo, publicado na revista Science Advances, mapeou a atividade mineradora em 17 países africanos.

Para cada projeto ativo de exploração, foi delimitada uma área de 10 km com impacto direto na vida dos grandes primatas, já que há destruição do habitat natural e intensa poluição luminosa e sonora. Além disso, foram delimitadas zonas de impacto indireto, cobrindo até 50 km dos espaços de atividade direta.

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Após cruzar os dados sobre as áreas de risco e sobre a população dos animais, a equipe estimou quantos gorilas e chimpanzés estão sob risco. Apesar da média geral de que 30% deles correm perigo, em alguns pontos, o problema é mais acentuado.

Nos países da África Ocidental, incluindo Libéria, Serra Leoa, Mali e Guiné, as sobreposições de áreas de alta densidade de macacos e de mineração são as maiores. Nesses locais, a população de animais nativos em risco chega a 83%.

Transição energética e preservação dos gorilas

O que se observa na África é um grande paradoxo, já que a atividade de mineração está se intensificando no continente com grande potencial de exploração. A atividade é fundamental para a produção de baterias, necessárias para a transição energética em larga escala para uma energia mais limpa.

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O problema é que, na forma em que essa exploração ocorre hoje, inúmeros danos colaterais surgem, como o desmatamento de florestas tropicais e a perda de habitat de uma muitas espécies, como os grandes primatas.

“As empresas de mineração precisam se concentrar em evitar ao máximo seus impactos sobre os grandes primatas e usar a compensação como último recurso”, sugere Genevieve Campbell, outra pesquisadora responsável pela pesquisa. No momento, “não há nenhum exemplo de compensação que tenha sido bem-sucedida”, completa.

Fonte: Science Advances e Re:wild