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Polvo usa veneno para não ser devorado pela fêmea no acasalamento

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 Kris Mikael Krister/Unsplash
Kris Mikael Krister/Unsplash

Nesta segunda (10), um estudo publicado na revista Current Biology revelou um comportamento surpreendente do polvo-de-anéis-azuis (Hapalochlaena fasciata): os machos dessa espécie usam veneno nas fêmeas durante o acasalamento, p ara impedir que elas os devorem.

A espécie é conhecida por seu pequeno porte e alta toxicidade. Assim como outras espécies do gênero, produz tetrodotoxina (TTX), uma neurotoxina potente capaz de paralisar presas e dissuadir predadores. Contudo, o estudo revela que esse veneno tem outro propósito: facilitar o acasalamento e garantir que os machos escapem ilesos.

Segundo o estudo, os machos mordem a aorta das fêmeas nesse momento, liberando pequenas doses de TTX, que induzem um estado temporário de paralisia.

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Esse efeito impede que as fêmeas os ataquem e proporciona tempo suficiente para que os machos concluam a transferência do espermatóforo (pacote de esperma) antes de escapar.

Veneno e paralisia

É um momento em que os machos aumentam drasticamente sua taxa respiratória, passando de 20-25 para 35-45 respirações por minuto.

Enquanto isso, as fêmeas entram em um estado de asfixia induzida, com redução da coloração e contração das pupilas. O processo dura cerca de uma hora, e as fêmeas levam dias para se recuperar completamente das feridas na aorta.

Curiosamente, os machos possuem glândulas salivares três vezes maiores do que as fêmeas, evidenciando a importância do veneno na reprodução.

Além disso, a necessidade de sedação das fêmeas sugere que elas desenvolveram certa resistência ao TTX, levando os machos a produzir quantidades ainda maiores da toxina.

Apesar desse comportamento extremo, os machos não participam dos cuidados parentais. As fêmeas, após o acasalamento, dedicam-se integralmente à proteção dos ovos, sem tempo para se alimentar adequadamente, o que as torna ainda mais vulneráveis.

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A descoberta reforça a complexidade das interações reprodutivas no reino animal e evidencia como a evolução pode moldar comportamentos inusitados para garantir a sobrevivência da espécie. Já podemos interpretar este como um dos  rituais de acasalamento mais bizarros do mundo animal?!

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