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Meteoro pode não ter sido o único causador da extinção dos dinossauros

Por| 22 de Fevereiro de 2019 às 22h38

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Meteoro pode não ter sido o único causador da extinção dos dinossauros
Meteoro pode não ter sido o único causador da extinção dos dinossauros

Duas novas pesquisas, publicadas na mais recente edição da revista Science, colocam em dúvida se o enorme meteoro que atingiu a Terra há 66 milhões de anos foi o único responsável pela extinção dos dinossauros.

Ambas as pesquisas examinaram a possibilidade de que, além do meteoro, a erupção de enormes vulcões na região onde hoje fica a Índia contribuíram para a criação do cataclisma que extinguiu cerca três quartos de todos os organismos vivos do planeta, inclusive a maioria dos dinossauros (mas não todos, porque as aves de hoje nada mais são do que a evolução de pequenos dinossauros voadores). Apesar disso, a conclusão dos estudos são diferentes, não chegando à conclusão final de se foi o meteoro que causou as erupções vulcânicas ou se elas já tinham criado um primeiro cataclisma ambiental antes do impacto.

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Como já é amplamente conhecido, há 66 milhões de anos (fim do período Cretáceo) um meteoro com comprimento entre 10 km e 80 km colidiu com a Terra na região onde hoje fica a península de Yucatán, no México. Além de matar todos os seres vivos no local da queda, o impacto causou ainda enormes tsunamis, incêndios em escala global e uma nuvem de poeira que cobriu todo o planeta, fazendo com que a Terra ficasse durante anos sem a presença de luz solar na superfície — o que acabou por matar todas as plantas e, assim, também todos os dinossauros herbívoros e boa parte dos carnívoros pela escassez de comida.

Esse evento, que ficou conhecido como extinção K-Pg (pois marcou a divisão entre as fases geológicas do Cretáceo para o Paleógeno) teve a data identificada por precisão quando cientistas encontraram a cratera de Chicxulub, o que permitiu fazer um estudo geológico da região para determinar quando o impacto aconteceu. O estudo também confirmou que aquele foi o local da queda do meteoro pela grande quantidade de Irídio presente no solo, um metal extremamente raro de ser encontrado no planeta, mas que é bastante comum em corpos celestiais.

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Apesar de o impacto do meteoro ser a hipótese mais aceita como a causa da extinção dos dinossauros pela comunidade científica, os novos estudos publicados na revista Science mostram um cenário um pouco mais complicado do que apenas a queda de um meteoro.

O que já se sabia é que, em época bem próxima à queda do meteoro (considerando-se o ponto de vista geológico), uma série de erupções vulcânicas ocorreram na região centro-oeste do que é hoje a Índia. Conhecida como os Derrames de Deccan, essas erupções cobriram de lava cerca de 1,5 milhão de km² e formaram rochas de até 2 km de espessura, espalhando uma nuvem de dióxido de carbono e enxofre por todo planeta, o que provocou chuvas ácidas, o escurecimento da atmosfera e o aumento da temperatura do planeta. E, como esse evento ocorreu bem próximo à queda do meteoro, dois estudos diferentes — um chefiado por Courtney Sprain, da Universidade de Liverpool, e outro por Blair Schoene, da Universidade de Princeton — tentaram descobrir se os Derrames tiveram alguma influência ou não na hecatombe que matou os dinossauros.

Apesar de utilizar metodologias distintas, ambos os estudos usavam a mesma técnica: o estudo de certos tipos de átomos radioativos presentes nas rochas vulcânicas. Isso porque esses átomos, com o passar do tempo, vão perdendo suas partículas componentes e se transmutando em outros tipos de átomos em uma taxa (velocidade de transmutação) conhecida pelos cientistas. E, como essa transmutação termina quando a lava se solidifica, é possível então datar com bastante precisão (margem de erro de apenas algumas dezenas de milhares de anos, o que é bem pouco quando tratamos de períodos geológicos) quanto tempo se passou desde que a rocha se formou.

O problema é que, apesar da precisão da técnica, nenhum dos átomos estudados pelas pesquisadoras permitia a obtenção de um resultado certeiro. Isso porque o átomo escolhido por Sprain não permitia uma “resolução” muito alta, enquanto o utilizado no experimento de Schoene faz parte de cristais que podem ter se formado anos antes ou mesmo anos depois da erupção de lava, o que também torna o resultado incerto.

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Assim, ambos estudos que buscavam a mesma coisa chegaram a resultados completamente diferentes: enquanto o estudo de Sprain chegou à conclusão que, sim, os Derrames de Deccan tiveram influência e ajudaram o meteoro de Yucatán a matar praticamente todas as formas de vida da Terra, o estudo de Schoene chegou à conclusão de que os Derrames aconteceram muitos anos depois da colisão do meteoro, em um momento em que esses seres já estavam todos extintos.

Assim, ainda não se sabe exatamente quais foram todos os fatores que levaram  extinção de quase todos os seres vivos da Terra há 66 milhões de anos, e ainda há muito que os cientistas precisam investigar, pois uma compreensão mais acertada do que exatamente ocorreu naquele período pode nos ajudar a entender não apenas os fatores que ocasionaram a ascensão dos mamíferos, como também entender melhor os efeitos que uma mudança climática repentina pode causar no planeta.

Fonte: Science