Imagens de satélite mostram efeito chocante da seca nos rios da Amazônia
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
O Brasil enfrenta uma das piores crises hídricas da história, marcada pela seca dos rios da Amazônia. Nesta semana, o Rio Negro atingiu a sua menor marca em mais de 120 anos de medição. Quando se analisa imagens de satélite, é possível dimensionar o cenário chocante.
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Com a seca nos rios da Amazônia, cidades e comunidades ribeirinhas estão isoladas. Segundo a Defesa Civil, o problema atinge mais de 700 mil pessoas que vivem no estado do Amazonas. Há ameaça também para a fauna local.
Imagens de satélite da seca no Amazonas
Para entender o impacto da seca no Amazonas, vale comparar imagens de satélite feitas nos meses de julho e outubro deste ano. Na primeira sequência de registros, é possível ver trechos do Rio Negro nos dias 8 de agosto e 2 de outubro, a partir de em Novo Airão:
Agora, é possível ver a mudança no volume de águas que impactou o Rio Solimões, entre os dias 17 de julho e 21 de setembro, a partir da estação da Tabatinga:
No antes e depois dos rios da Amazônia, fica visível a expansão das áreas tomadas por bancos de areia e das áreas secas, enquanto o volume de água desses importantes rios é reduzido.
Essas imagens foram capturadas como parte do programa Brasil MAIS, que envolve uma rede de players, como a empresa estadunidense Planet, a Polícia Federal e a SCCON Geospacial. Todos os dados são compartilhados com centenas de instituições, incluindo órgãos do governo.
Como as imagens de satélite foram feitas?
“Por meio de uma constelação de 180 satélites situados a mais de 550 km de distância da Terra, conseguimos obter imagens de alta definição do Brasil todos os dias”, explica Vinícius Rissoli, porta-voz da SCCON, para o Canaltech. Assim,é possível que as autoridades gerem alertas de risco e adotem medidas nas áreas mais afetadas pela seca.
Recorde do nível dos rios na Amazônia
Um dos símbolos da seca histórica é o Rio Negro, como já mencionamos. Na terça-feira (8), o nível de água chegou a 12,17 m, na estação de Manaus, segundo dados divulgadas no 42º Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Amazonas, do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Esta é a menor cota desde 1902, quando as medições começaram.
“Já observamos o início das chuvas em algumas parte da bacia [da Bacia do Amazonas], como próximo em Tabatinga, mas o volume não é suficiente para o nível dos rios começar a subir de forma consistente”, comenta Artur Matos, coordenador nacional dos Sistemas de Alerta Hidrológico, em nota do SGB.
No Rio Negro, era possível observar uma queda de 25 cm por dia no nível de água, mas a situação mudou. Mais recentemente, a queda diária é de cerca de 12 cm. “A tendência é que a taxa diminua, mas o nível ainda deve continuar reduzindo nas próximas semanas”, explica Matos.
Em relação ao Rio Solimões, a recessão ainda pode ser observada. Na estação de Tabatinga, o rio tem descido uma média de 8 cm por dia. Novamente, a situação ainda deve piorar até a chegada das chuvas. Isso também deve reduzir as queimadas e os incêndios na região da floresta amazônica.