Horário de verão não volta em 2024; entenda os motivos
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •

Para aqueles que não têm saudades do horário de verão, há bons motivos para comemorar nesta quarta-feira (16). Isso porque o Ministério de Minas e Energia, apoiado pelo governo federal, anunciou que a medida que busca economizar energia elétrica e reduzir a demanda pelo consumo de luz, adiantando em uma hora os relógios, não será implementada este ano. Parte da explicação, está na retomada das chuvas.
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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o horário de verão não voltará este ano no Brasil, em coletiva de imprensa nesta tarde. "Não há necessidade de decretação do horário de verão para este período, para este verão. Nós temos a segurança energética assegurada", pontuou. Entretanto, "a volta dessa política [poderá ser novamente avaliada] para 2025", acrescentou.
O debate sobre a volta do horário de verão ou não se arrastava dentro do governo há tempos, com a avaliação dos possíveis benefícios e prejuízos. Do lado favorável à implementação da medida, estava a crise hídrica que afeta o fornecimento de energia através das usinas hidrelétricas e a economia que seria gerada na conta de luz para os consumidores. Divulgado no mês passado, um relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) chegou a indicar a necessidade dessa estratégia, mas o último relatório aponta para outro cenário.
Por outro lado, há o impacto negativo da medida na vida de muitas pessoas. Segundo manifesto assinado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da USP, o horário de verão traz mais malefícios para a saúde do que os benefícios econômicos previstos. Isso porque o sono, o humor e o apetite estão diretamente ligados ao ciclo de luz e escuridão, que seria parcialmente interrompido pela medida. Por isso, a adoção precisava ser muito bem avaliada até a conclusão de que não será necessária em 2024.
Motivos para o horário de verão não voltar em 2024
Entre os motivos que levaram à não adoção do horário de verão, está a melhora no cenário das chuvas e dos reservatórios de hidrelétricas em todo o país. Caso não tivesse ocorrido, a medida poderia ter sido imprescindível.
Afinal, segundo o monitoramento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Brasil enfrenta a maior seca de sua história recente, como apontam os registros históricos coletados desde 1950.
"Agora, [o cenário] já dá demonstrações de estarmos passando pelo momento mais crítico, com chuvas no Sudeste e chuvas na cabeceira de alguns rios importantes no Brasil", detalhou o ministro de Minas e Energia. Isso é fundamental quando se lembra que o país depende significativamente da energia hídrica e dos reservatórios de suas grandes usinas, ambas sujeitas aos efeitos das questões climáticas.
Em paralelo, o avanço da energia solar ajuda a equilibrar a balança do sistema de energia, diminuindo a dependência das usinas termelétricas (com produção de energia mais cara).
É importante que ele [o horário de verão] seja sempre considerado. Não pode ser fruto de avaliações apenas dogmáticas ou de cunho político", destacou. Neste quesito, são importantes análise técnicas, como deverá ocorrer no ano que vem.
Horário de verão no Brasil
Vale destacar que o Brasil adotou, por muitos anos, o horário de verão. Por aqui, o relógio era tradicionalmente adiantado em uma hora no primeiro domingo do mês de novembro e atrasado em uma hora no terceiro domingo de fevereiro. A estratégia foi adotada pela primeira vez em 1931. Entre os anos de 1985 a 2019, foi adotada de forma contínua, até ser abandonada pelo governo federal há cerca de cinco anos.
Desde então, é comum o debate sobre a retomada ou não do horário de verão como forma de economizar energia elétrica, aproveitando o maior período de luz natural no final da tarde, sem a necessidade de luzes artificiais. Muito possivelmente, a questão voltará a ser debatida nacionalmente em 2025.