Derretimento das geleiras dos Alpes atinge seu recorde em 2022
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
A cadeia de montanhas dos Alpes europeus alcançou um triste recorde no verão deste ano: o derretimento das geleiras na Suíça já é o maior que se tem registro, em um histórico de 50 anos de dados.
- Geleiras suíças perderam metade do volume em 85 anos
- Gelo coletado nos Alpes contém o registro climático dos últimos dez mil anos
Enquanto nos aproximamos do verão no hemisfério sul, a Europa recebe os primeiros flocos de neve do inverno do hemisfério norte. A chegada das baixas temperaturas nunca foi tão bem-vinda para os Alpes suíços, visto o nível de derretimento que se observou em 2022.
Para estudiosos na área das geleiras, uma perda de gelo da ordem de 2% de seu volume total já pode ser considerada um evento extremo mas, nesse ano, este número chegou a 6,2%.
O que causou o derretimento recorde dos Alpes?
Uma combinação de fatores levou os Alpes suíços ao recorde preocupante:
- Pouca neve no inverno anterior — a precipitação em 2021 não foi o suficiente para criar uma camada que suportasse as temperaturas do verão;
- Poeira do Saara — movimentações sazonais do ar na atmosfera levaram poeira do deserto do Saara para os Alpes. A presença dela fez com que a absorção de calor na região fosse maior;
- Onda de calor na Europa — todo o continente alcançou recordes de temperatura, com partes do Reino Unido ultrapassando os 40ºC e vilarejos dos Alpes, como Zermatt, na Suíça, chegando a 33ºC apesar de estar mais de 1.500 quilômetros acima do nível do mar.
O resultado foi, já em julho, um nível de gelo que se esperaria em setembro, final do verão europeu.
Um futuro preocupante
Abrangendo uma área que se estende da Áustria até a França, os Alpes é a mais alta e extensa cadeia de montanhas na Europa. Além de ter uma grande importância para a economia e turismo local, sua presença regula o clima de todo o continente.
Os níveis de degelo fizeram com que o ski fosse paralizado em Zermatt pela primeira vez no verão. Expedições de escalada também foram suspensas: o derretimento deixou as montanhas mais suscetíveis a deslizamentos de rochas. Até a mais alta das montanhas suíças, o Mont Blanc, foi fechada.
Pesquisas recentes mostram que esse efeito não foi algo localizado na Suíça. Na Áustria, o derretimento é o maior observado nos últimos 70 anos.
A preocupação de cientistas, e também dos habitantes da região, é que esse recorde se torne um padrão e que geleiras inteiras sejam perdidas nos próximos anos.
Fonte: The Conversation