Cientistas querem entender por que vespas orientais não ficam bêbadas
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Você sabia que as vespas orientais não ficam bêbadas? Esses insetos simplesmente têm a maior tolerância conhecida ao álcool no reino animal, e é claro que os cientistas querem saber o porquê. Com essa questão em mente, na última segunda-feira (21), um grupo da Tel Aviv University (Israel) expôs algumas vespas a soluções de etanol para ver no que dá.
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As vespas têm alguns "superpoderes" e particularidades: o veneno pode ajudar a controlar epilepsia, e os machos utilizam espinhos no pênis para se defender de predadores. Mas para os cientistas israelenses, o que mais interessa é a resistência desses animais ao álcool.
No estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, a equipe deu às vespas soluções de sacarose com etanol adicionado. O experimento começou com doses baixas, mas logo os cientistas descobriram que mesmo em níveis de 20%, as vespas não apresentaram efeitos adversos.
Com isso, eles continuaram aumentando a dose para 80%. Nesse nível, as vespas se comportaram como se estivessem ligeiramente embriagadas por apenas alguns momentos, depois ficaram sóbrias e retomaram seu comportamento normal.
Resistência ao álcool
Se para os humanos, a resistência ao álcool já parece interessante, para as vespas, isso é literalmente questão de sobrevivência: a equipe de pesquisa observa, no artigo, que qualquer outra criatura teria sido morta por quantidades tão altas de álcool.
Mas então... de onde vem essa resistência toda? Segundo os pesquisadores, as vespas têm múltiplas cópias do gene desidrogenase, que está envolvido na quebra do álcool. Isso provavelmente explica tamanha tolerância.
O artigo também leva a crer que cópias extras do gene provavelmente evoluíram devido à relação que as vespas têm com a levedura de cerveja em fermentação.
"Muitos animais consomem naturalmente baixas concentrações de etanol, apesar de sua toxicidade inerente. Ainda assim, mesmo espécies bem adaptadas ao consumo de etanol enfrentam efeitos prejudiciais quando expostas a concentrações acima de 4%", explicam os pesquisadores.
"A vespa oriental pode consumir quantidades extremamente altas de altas concentrações de álcool, sem experimentar quaisquer efeitos prejudiciais na expectativa de vida ou comportamento. Essa notável tolerância ao etanol resulta de suas altas taxas de metabolismo de etanol", concluem os autores.