Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Atividades humanas afetaram a atmosfera da Terra bem antes do que se acreditava

Por| Editado por Patricia Gnipper | 07 de Outubro de 2021 às 12h00

Link copiado!

Reprodução: Bruno Kelly/Reuters
Reprodução: Bruno Kelly/Reuters

Os atuais níveis de carbono atmosférico são baseados na taxa registrada a partir do período industrial, quando uma considerável quantidade de poluição passou a ser despejada no ar. No entanto, um novo estudo conduzido na Antártida revelou que a atividade humana provocou um aumento substancial de carbono negro bem antes disso. A pesquisa também associa as antigas práticas de queimada nas terras do povo Maori, na Nova Zelândia, que afetaram em grande parte o hemisfério sul, cerca de 700 anos atrás.

A pesquisa, conduzida pela Desert Research Institute (DRI), coletou cerca de seis amostras de núcleos de gelo localizados na parte mais ao sul do planeta — a Antártida. Uma análise aprofundada delas mostrou um aumento significativo do carbono negro a partir do século XIV, bem antes do início do período industrial, que começaria por volta do século XVIII. Este tipo de carbono está associado a queimas de madeira ou biomassa.

Continua após a publicidade

Segundo os pesquisadores, esta poluição provavelmente veio dos incêndios alimentados por biomassa natural. Nos 700 anos seguintes, as amostras de gelo indicaram um aumento contínuo nos níveis de emissão, triplicando o valor. Além disso. As modelagens do fluxo potencial das partículas de carbono negro levaram os cientistas à Tasmânia, Patagônia ou Nova Zelândia.

Embora Tasmânia e Patagônia tenham sido colonizadas primeiro, somente a partir do final do século XIII, quando o povo Maori chegou à Nova Zelândia, os registros de carbono negro começam a aparecer no gelo da Antártida. Os registros de fuligem dos países insulares confirmaram esta linha temporal, sugerindo que as queimadas na Nova Zelândia foram a causa da distribuição em grande escala destas partículas.

O cientista atmosférico da DRI, Joseph McConnell, principal autor do estudo, disse que a ideia de que humanos tenham causado uma grande mudança neste período da história por meio de atividades de “limpeza” de terras é surpreendente. Isso porque, até então, pensava-se que, antes da Revolução Industrial, os impactos por ação humana fossem irrelevantes.

Continua após a publicidade

A descoberta também revelou que a nossa capacidade de alterar os ambientes não é uma novidade da modernidade. Tudo indica que a Nova Zelândia tenha sido a última porção de terra a ser habitada por humanos. Quando o povo Maori se estabeleceu por lá, a cobertura vegetal correspondia a 85% do território; hoje, esse índice é de apenas 25%. Os pesquisadores acreditam que, enquanto o povo desmatava as florestas nativas, a falta de experiência com o fogo alimentou a destruição.

Os núcleos de gelo mostraram como parte do carbono negro das queimadas na Nova Zelândia alcançaram a Antártida. Eles também indicaram que a emissão teria atingido seu pico por volta do século XVI, atingindo cerca de 36 mil toneladas por ano. Em 2019, as emissões globais de CO2 atingiram 33 gigatoneladas.

O estudo também ganhou força com uma pesquisa recente, que descobriu que o desmatamento intenso na Nova Zelândia, por parte do povo Maori, afetou inclusive uma série de espécies de insetos. Alguns deles perderam a capacidade de voar, uma vez que a vegetação foi reduzida — a adaptação ao meio é questão de sobrevivência.

A pesquisa foi publicada no último dia 6 de outubro, na revista Nature.

Continua após a publicidade

Fonte: ScienceAlert, DRI