Araras-canindés voltam ao Parque Nacional da Tijuca (RJ) após 200 anos extintas
Por João Melo | •

No dia 6 de junho, o Parque Nacional da Tijuca, localizado na cidade do Rio de Janeiro, recebeu quatro araras-canindés (Ara ararauna) — espécie extinta da região há mais de 200 anos. A iniciativa marca o início de um processo de reintrodução dessas aves no estado, além de representar um passo importante para a restauração ecológica da Mata Atlântica.
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A chegada das araras foi viabilizada pelo projeto Refauna, com o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). As aves — um macho e três fêmeas — vieram de um centro de reabilitação de animais silvestres no Parque Três Pescadores, em Aparecida (SP), onde foram preparadas para o retorno à natureza.
“A Mata Atlântica perdeu muitas das espécies da flora e da fauna ao longo dos últimos séculos. Mesmo onde há floresta, ela muitas vezes está silenciosa, vazia. Ao trazer de volta animais como as araras, estamos restaurando funções ecológicas e sons, e ajudando a natureza a se regenerar”, destacou o biólogo da UFRJ e diretor executivo do Refauna, Marcelo Rheingantz, em comunicado.
Processo de aclimatação
As araras iniciaram um processo de aclimatação em um recinto construído especialmente para elas logo após a chegada ao Parque Nacional. Aos poucos, serão expostas ao ambiente natural, com soltura definitiva prevista para ocorrer em cerca de seis meses.
Durante esse período, as aves serão alimentadas duas vezes por dia e terão todas as suas atividades monitoradas pelo Refauna — desde a alimentação até a interação entre os indivíduos, as condições físicas e a adaptação ao ambiente da floresta.
“Saber que as araras estão voltando é um sinal para o Brasil e o mundo de que as nossas Unidades de Conservação cumprem o seu papel de proteger o ecossistema em seus limites”, afirmou Breno Herrera, gerente regional do ICMBio no Sudeste.
Símbolo da biodiversidade
A arara-canindé é uma ave nativa de ampla distribuição na América do Sul, especialmente em florestas tropicais e regiões de savana. No estado do Rio de Janeiro, foi extinta há mais de dois séculos, devido à caça, ao tráfico ilegal e à degradação de seu habitat natural. Seu último registro foi feito em 1818, pelo naturalista Johann Natterer.
A ausência dessas aves representa um desequilíbrio ecológico, já que as araras são grandes dispersoras de sementes — função essencial para a regeneração de florestas e a manutenção da biodiversidade. Sua reintrodução ajuda a restaurar processos ecológicos e a saúde dos ecossistemas da Mata Atlântica.
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Fonte: ICMBio