Antártica está 10x mais verde do que há 35 anos, revelam imagens de satélite
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Antes mesmo do fim de 2024, o consenso é que este ano será o mais quente da história recente da Terra. Os efeitos do aquecimento antropogênico se espalham por todo o globo, incluindo a península Antártica. Na região que era dominada por um horizonte branco e gélido, a cobertura verde aumentou em mais de 10 vezes nos últimos 35 anos.
- Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
- Mundo deve superar limite de aquecimento de 1,5 ºC em 2024
- Se o gelo é transparente, então por que a neve é branca?
O avanço do verde na Antártica foi medido a partir de imagens e dados captados pelos satélites Landsats, da NASA, e processados na plataforma Google Earth Engine. Dessa forma, os cientistas da Universidade de Exeter (Reino Unido) calcularam as mudanças na área.
"A área de provável cobertura vegetal aumentou de 0,863 km² em 1986 para 11,947 km² em 2021, com aceleração da taxa de mudança nos últimos anos [a partir de 2016]”, afirmam os autores no estudo publicado na revista Nature Geoscience.
"Esta recente aceleração na taxa de mudança na cobertura vegetal [de 2016 a 2021] coincide com uma diminuição acentuada na extensão do gelo marinho na região Antártica”, acrescentam os pesquisadores britânicos.
Inclusive, este não é o primeiro estudo a identificar o avanço do verde. Com imagens do satélite Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia (ESA), outro time de especialistas encontraram evidências similares da invasão verde.
Nova mapa da planície Antártica verde
Para visualizar as transformações na Antártica, os cientistas construíram o seguinte mapa da região, no qual cada hexágono é sombreado dependendo de quantos km² dele estão cobertos por vegetação:
Vegetação avança em área congelante
Quando pensamos na invasão verde na Antártica, é preciso fazer alguns apontamentos. O primeiro deles é que essas imagens de satélite não indicam que florestas ou mesmo plantas estão crescendo em massa na planície congelante. A mudança do cenário é causada quase que unicamente por musgos e líquens.
Afinal, "os musgos são capazes de colonizar superfícies rochosas nuas e fornecem a base para o futuro desenvolvimento do solo, como substrato para a consolidação de [outros] ecossistemas”, explicam os pesquisadores. Em outras palavras, os musgos são o primeiro sinal de uma transformação ainda maior que poderá ocorrer em breve, dependendo das dinâmicas de aquecimento do planeta.
Alguns fracos sinais dessa transformação maior são captados. "Plantas vasculares nativas da planície já demonstraram ter experimentado extensões recentes em seu alcance”, comentam os autores.
Aqui, vale observar que a presença humana na região Antártica pode acelerar os processos. Isso porque excursões com fins científicos ou de turismo podem facilitar a disseminação de esporos e até de sementes invasoras, com capacidade de se proliferar no habitat com baixa competição por espaço. O vento também desempenha papel importante, trazendo outras espécies de forma natural.
"Essa tendência [observada na planície Antártica] ecoa um padrão mais amplo de esverdeamento em ecossistemas de clima frio como resposta ao aquecimento recente”, avisam os pesquisadores sobre o futuro do planeta.
Leia mais:
- Ártico deve ficar sem gelo em sete anos, preveem cientistas
- Geleira do Juízo Final está derretendo mais rápido do que o esperado; e agora?
- Como ficará a poluição na Terra após a “morte” da ISS, em 2031?
VÍDEO: Conheça projeto que quer levar pessoas para conhecer a Terra dentro de um balão futurista