Aceleração no derretimento de geleiras é "inconfundível," dizem cientistas
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |

Se ainda restasse alguma dúvida, agora uma equipe internacional de cientistas, afirma com seu novo estudo que a aceleração no derretimento das geleiras na Terra é “inconfundível.” O time de especialistas, que inclui profissionais das agências espaciais americana e europeia, tirou essa conclusão dos resultados do relatório IMBIE (Ice Sheet Mass Balance Intercomparison Exercise – Exercício de Intercomparação de Balanço de Massas de Geleiras).
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Os cientistas calculam que, se todo o gelo derretido nas últimas três décadas na Groenlândia e na Antártida fosse reunido em um único cubo, ele teria uma aresta de 20 quilômetros de comprimento. Este volume, perdido entre 1992 e 2022, equivale a 7.560 bilhões de toneladas. Os últimos dez anos, em especial, apresentaram uma drástica queda, com sete dos dez piores resultados.
O IMBIE conta com dados coletados por 50 missões espaciais lançadas durante o período que o projeto avalia. O ano de partida, 1992, marcou o momento em que as tecnologias de satélite se tornaram mais avançadas para monitorar o gelo precisamente.
A enorme massa de gelo perdida desde então aumentou o nível dos mares em 21 milímetros, correspondendo a um quarto de todo o aumento considerado. 13,5 milímetros são provenientes da Groenlândia, enquanto 7,5 são da Antártida. Ines Otosaka, cientista do Centro de Modelagem e Observação Polar do Reino Unido, declarou em entrevista à BBC que estes aumentos “terão profundas implicações para comunidades litorâneas.”
Andrew Shepherd, um dos fundadores do projeto, diz que, em breve, o impacto do aumento do nível dos oceanos será mais percebido pelas pessoas. Segundo ele, “nas últimas décadas, [o aumento] vêm sendo de 3 milímetros por ano. Em breve veremos 4, 5, 6 milímetros por ano, o que trará uma grande mudança psicológica em relação ao que estamos acostumados.”
Em toda a série histórica, o pior ano foi o de 2019, quando uma onda de calor que atingiu o Ártico durante o verão ocasionou 444 bilhões de toneladas de gelo derretido, além de mais 168 bilhões perdidos ao longo dos outros meses.
Além das geleiras, o estado do gelo marinho também preocupa a ciência. Embora ele não tenha contribuição para o aumento do nível dos oceanos — esse gelo já é água do mar — seu derretimento pode aquecer ainda mais o planeta.