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Starlink | Satélites de Musk podem ser usados como alternativa ao GPS

Por| 24 de Outubro de 2022 às 21h20

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Starlink
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Elon Musk

A Starlink de Elon Musk possui aproximadamente 2,3 mil satélites no espaço, que conseguem transmitir internet para os locais mais isolados do planeta. E, claro, em algum momento, alguém poderia pensar que essa cobertura de comunicação tem potencial para outros fins. É exatamente isso que o professor Todd Humphreys, da Universidade do Austin, no Texas, Estados Unidos, refletiu: a rede da empresa do bilionário da SpaceX pode ser usado como alternativa para o GPS.

Em um projeto patrocinado pelo exército dos Estados Unidos desde 2020, Humphreys e sua equipe abordaram a SpaceX com a possibilidade de um novo sistema de navegação, baseado nos milhares de satélites de Musk. Contudo, após a avaliação do bilionário e inventor, ele teria dito a Humphreys que “todas as outras redes comunicação na órbita baixa da Terra deram errado”, e que, aquele era um momento de apostar no que dá certo e “não permitir distrações”.

Vale destacar que, embora a Starlink já esteja operando em vários países, ainda não está disponível em boa parte do mundo — e exige condições estruturais, além de custos altos, para operar. Então, Musk, que estava pressionado para o lançamento da sua internet satelital na época, não estava muito interessado em um projeto sem grande apelo comercial para a SpaceX.

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Além disso, também é preciso lembrar que o Sistema de Posicionamento Global (GPS, na sigla em inglês) não é o único sistema de navegação por satélite. Existem outros, como o BeiDou, ou BDS, na China; e o GLONASS, na Rússia.

Como os pesquisadores descobriram o uso da Starlink como GPS?

É claro que o Exército dos Estados Unidos tem interesse em um sistema de navegação por satélite alternativo, por isso, os estudos da equipe de Humphreys continuaram — mesmo sem o aval da SpaceX, que, mesmo após recorrentes negociações desde 2020, não entregou a documentação detalhada de seu funcionamento.

Humphreys e sua equipe conseguiram desvendar o design do funcionamento da Starlink com uma técnica bem simples, que é mais usada por cibercriminosos em golpes diários de phishing: a engenharia reversa. Da mesma forma que alguém pode cruzar informações públicas e conseguir detalhes mais aprofundados sobre um usuários de redes sociais na web, os pesquisadores usaram decodificadores para registrar os dados trocados durante a recepção de um vídeo via Starlink.

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Dessa forma, eles conseguiram montar o esquema de serviço de sincronização que ajuda os satélites de comunicação e os receptores da Starlink a se comunicarem. Eles encontraram quatro sequências de sincronização que podem ser exploradas em serviço de geolocalização — aliás, até mesmo chegara a uma determinação exata que não havia sido alcançada anteriormente.

Não precisa nem mexer em satélites para criar um GPS alternativo com a Starlink

A descoberta foi bastante reveladora: segundo os pesquisa não seria necessário nem mesmo interferir na posição dos satélites para criar um serviço alternativo de GPS com o uso da Starlink. Humphreys afirma que tudo poderia ser facilmente resolvido apenas com software. “Isso poderia ser feito imediatamente, sem modificações nos satélites”, disse ao The Register.

Sem o apoio da SpaceX para aprofundar essa descoberta, os pesquisadores conseguiram apenas uma amostra que consegue identificar um receptor Starlink em até 30 metros, na banda de 10,7 a 12,7 GHz. Porém, Humphreys diz que não é difícil otimizar essa conexão, já que a própria SpaceX poderia realizar uma correção no relógio de cada satélite, da mesma forma que é feita no GPS, para reduzir os erros e a localização de um receptor Starlink para menos de um metro — o que deixaria o sistema mais preciso para navegação.

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Por enquanto, o artigo está na fase de análise dos próprios pares da comunidade científica. Musk e a SpaceX ainda não comentaram sobre a descoberta de Humphreys e sua equipe.

Mas, como o Exército dos Estados Unidos envolvido, e até mesmo a recente pressão da Segurança Nacional do país sobre os negócios de Musk, não se surpreenda se em breve o empresário ceder e esse sistema alternativo de navegação sair do papel.