ChatGPT é usado para gerar sites lotados de spam
Por Alveni Lisboa • Editado por Douglas Ciriaco | •

Chatbots de inteligências artificiais começaram a ser usados para produzir conteúdos irrelevantes ou criados apenas para gerar receita para os donos de sites. As chamadas “fazendas de conteúdo” tentam atrair usuários com click baits, assuntos falsos e postagens polêmicas totalmente criadas por IAs generativas.
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A estratégia é simples: usar os chatbots para automatizar a produção de conteúdo. Em muitos casos, os desenvolvedores conseguem até integrar os resultados do ChatGPT e de outros concorrentes com o website, o que otimiza ainda mais a escrita.
Este tipo de conteúdo spam existe há quase três décadas, mas parece ter encontrado o caminho ideal nas IAs. Segundo uma pesquisa da organização NewsGuard, cujo objetivo é avaliar a confiabilidade de sites de notícias, foram identificados 49 sites quase inteiramente escritos por softwares de inteligência artificial.
Sites de spam criados com IA seguem um padrão
Os websites criados para tal finalidade normalmente não divulgam a sua propriedade nem possuem um corpo editorial confiável. A produção é voltada para o volume de conteúdo, em temas diversos, diferentemente dos sites especializados.
Segundo a pesquisa da NewsGuard, muitos publicam centenas de artigos por dia, mesmo sem ter uma grande equipe dedicada. Parte dos conteúdos apresenta narrativas falsas e frases repetitivas, duas das principais marcas de textos criados por IA.
Os sites identificados pela organização têm nomes genéricos, como Breaking News ou News Reports, além de estarem lotados de publicidade dos serviços de anúncios do Google e de outras empresas, com propagandas compradas e vendidas automaticamente. Uma das técnicas usadas seria fazer resumos de notícias de grandes portais ou reescrever histórias de veículos legítimos de imprensa.
O NewsGuard alerta para o fato de muitos desses sites estarem espalhando desinformação. Um site chamado CelebritiesDeaths.com teria publicado uma informação falsa sobre a morte do presidente dos EUA, Joe Biden, no começo de abril.
Uma das técnicas usadas pela organização para mapear portais de spam gerados por inteligência artificial é buscar pela palavra-chave “como um modelo de IA”. Toda vez que os chatbots se recusam a responder a alguma consulta, os robôs emitem uma mensagem padrão na qual dizem que “como um modelo de IA” não podem executar aquela solicitação. Também foram usadas ferramentas de checagem de texto criado por IA, como o GPTZero e outras similares.
Prática também ocorre no Brasil
Embora o levantamento tenha focado no exterior, não é muito difícil notar esse tipo de prática no Brasil. É só abrir o Google Discover para encontrar indicações de artigos hospedados em sites desconhecidos, inclusive de temáticas totalmente diferentes da proposta original.
Em um site de concursos públicos, é possível ler textos sobre política, espaço e tecnologia, alguns aparentemente plagiados de sites como o Canaltech. Essa tendência também ocorre em páginas esportivas, que trazem textos sobre economia, e em sites de entretenimento que abordam temáticas sobre golpes online e métodos de ganhar dinheiro.
No YouTube, é possível encontrar uma tonelada de vídeos ensinando a criar sites e perfis de redes sociais falsos, alimentados apenas com conteúdo gerado pelo ChatGPT. Em um dos conteúdos analisados, o criador promete ganhos de “US$ 600 mensais de forma automatizada”.
O relatório completo pode ser acessado no site da NewsGuard. O material está em inglês, mas traz insights interessantes que cabem na realidade brasileira.