Cetic: 74% da população brasileira está conectada à internet, segundo estudo
Por Rafael Arbulu |
Aproximadamente 126,9 milhões de pessoas se conectaram à internet no Brasil no ano de 2018. O dado advém da pesquisa TIC Domicílios, executada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic). De acordo com o levantamento, o destaque fica para o aumento de conexões permanentes dentro das zonas rurais, onde metade do público já conta com serviço de internet assinado (49%).
O número corresponde a um aumento generalizado de aquisição de serviços de rede por parte da população brasileira: em 2017, o percentual foi de 67%, elevando-se para 70% no ano passado. A pesquisa, realizada anualmente, ainda indica que a população urbana segue acima da média no setor: 74% das casas em zonas desenvolvidas contam com conexão à internet.
Outro destaque de interesse vem na ampliação das conexões válidas para as camadas D e E da sociedade: a classe mais pobre da população aumentou sua presença online, saltando de 42% (2017), para 48% (2018).
Para o professor do curso de Engenharia da Computação do Instituto Mauá de Tecnologia, João Carlos Lopes Fernandes, isso se deve quase que exclusivamente à melhoria generalizada de ofertas de soluções físicas e de rede das operadoras de telefonia: “antigamente, era extremamente caro você adquirir um pacote de internet para a sua casa, sem falar na estrutura, que não chegava nesses lugares”, ele comenta, em conversa com o Canaltech, referindo-se às classes D e E e população rural. “Hoje, a estrutura de rede é mais expandida e, embora ela ainda não atinja toda a população, há um contingente maior de consumidores que consegue adquirir esses serviços”.
Outro fator que contribuiu para esse aumento, na opinião do professor, é o aumento na quantidade de ofertas de serviços móveis, sobretudo aqueles que, antes, exigiam uma presença física e horas da rotina do consumidor: “Era normal você precisar de um serviço cartorial ou do INSS, por exemplo, e perder horas e horas em uma fila, sendo que hoje, é possível fazer tudo online. Temos carteira nacional de habilitação online, podemos votar com um título eletrônico de eleitor, serviços bancários que priorizam a rede, fintechs… todas essas facilidades acabaram por incentivar a adoção maior de pacotes de dados”.
Ademais, as ofertas em acesso móvel (conexão 4G), bem como a disponibilização de aparelhos celulares a preços mais facilitados, também gerou impacto nos resultados da pesquisa: “Hoje, estimativas apontam que toda família tem, pelo menos, um smartphone. As operadoras expandiram as suas estruturas de rede, posicionaram mais antenas e passaram a oferecer planos mais cômodos ao bolso: existem pacotes de R$ 10 por semana, isenção de franquia de dados para alguns aplicativos, smartphones a preços reduzidos”. Segundo os números divulgados pela pesquisa, 97% dos acessos foram feitos por meio de conexão móvel, o que corrobora o especialista. Já o computador pessoal teve redução, com 43% dos acessos em 2018, frente a 51% em 2017.
O professor antecipa que, nas próximas edições do estudo, esses índices percentuais devem aumentar ainda mais. “Com toda a certeza, veremos nos próximos anos um aumento nestes números, puxados por tudo o que citamos agora. A crescente disponibilidade de serviços facilitados pela rede é o que deve direcionar o público à aquisição de pacotes de dados, sejam eles residenciais ou móveis”, ele finaliza.
A pesquisa ainda aponta que, no espectro da renda familiar, pessoas que ganham entre um e dois salários mínimos se conectaram por meio de ambas plataformas, com o celular em ampla vantagem (63%) frente ao computador pessoal (31%). Na outra ponta da avaliação, ou seja, famílias com renda superior a 10 salários mínimos, apenas 17% se conectaram exclusivamente pelo celular, com 80% do público misturando as entradas via smartphone e computador.