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Projeto December | IA simula gente morta e gera controvérsia

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 16 de Fevereiro de 2024 às 14h19

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Divulgação/Projeto Dezembro
Divulgação/Projeto Dezembro

Parece que a necromancia, o ritual de falar com os mortos, chegou a um patamar inédito graças à evolução da inteligência artificial. Isso se deve à criação do programador Jason Rohrer, que deu vida a um chatbot sinistro, para dizer o mínimo, intitulado Project December (ou Projeto Dezembro, em livre tradução). Baseado nos modelos de linguagem GPT-2 e GPT-3 da OpenAI, o robô usa um algoritmo gerador de textos capaz de ser treinado pelo usuário para dar respostas de forma personalizada.

Necromante digital

A estrutura conversacional do Projeto December pode simular conversas com qualquer pessoa — incluindo quem já não está mais entre nós. Essa habilidade se deve ao seu método de aprendizado de máquina somado à coleta de dados, práticas que o treinam para imitar o jeito de falar da pessoa desejada. A IA generativa também pode aprender particularidades bem detalhadas de alguém, como seu nível de gramática e o modo de conduzir uma conversa.

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Além disso, a criação de Jason Rohrer acompanha algumas personalidades predefinidas, algo que serve como teste para quem tem dúvidas quanto ao poderio da tecnologia.

Experiências mistas

A capacidade do Projeto December de simular trejeitos, personalidades e outros aspectos de uma pessoa falecida é considerada assustadora por parte de quem o testou. Isso não é incomum no segmento, considerando que até mesmo o próprio ChatGPT já foi flagrado tomando rumos sem pé nem cabeça em suas conversas ou mesmo cogitado como possível "ponte" para o Além.

Alguns usuários revelaram que viram o bot “suplicar pela sua vida”, desejando algo como “ressuscitar” ou se materializar no mundo real, entre outras interpretações para lá de bizarras.

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Por outro lado, alguns testadores tiveram uma experiência mais positiva com a fúnebre tecnologia, alegando que sentiram “um alívio para a sua dor” ao simular conversas com os entes queridos que se já foram.

Fato é que "Projeto Dezembro" é controverso e pode ser estopim para pautas éticas envolvendo privacidade de dados, manipulação emocional e responsabilidade sobre o luto das pessoas.

É possível olhar para o chatbot baseado no modelo de inteligência artificial da OpenAI como uma forma de terapia, de arte ou de entretenimento. Porém, não há como abandonar um olhar mais crítico, que interpreta a tecnologia como uma violação da dignidade humana e até mesmo uma ilusão que pode tomar rumos perigosos.

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Imagine uma pessoa que não consegue lidar com o luto da perda de uma pessoa querida podendo alimentar essa angústia "ressuscitando" o falecido por meio de um chatbot.

Chatbot tem preço

O Projeto December não é gratuito e funciona no modelo de créditos, mais ou menos no mesmo estilo de cobrança do Midjourney e do DALL-E. Sendo assim, mil créditos de uso saem por U$ 5 (algo em torno de R$ 25, em conversão direta). É possível fazer o pagamento com cartão de crédito de diversas bandeiras, como Visa, Mastercard, PayPal e Apple Pay.

As conversas oferecem um tempo limitado para você “conversar” com alguém que não está mais no nosso plano. Quem tiver interesse (e coragem) em testar o Projeto December, é só acessar a página da IA projectdecember.net. No entanto, tome cuidado ao usar a tecnologia, pois você estará batendo papo com um robô, e não com quem infelizmente já se foi.

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Fonte: FT