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Obra gerada por IA vence concurso de arte e causa polêmica

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 01 de Setembro de 2022 às 10h20

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Reprodução/KOAA News5
Reprodução/KOAA News5

Um desenho criado por uma inteligência artificial ganhou o primeiro lugar em um concurso de artes e está gerando uma imensa discussão na internet. As críticas são voltadas principalmente para a natureza da arte e o que significa ser um artista.

O criador Jason Allen foi o vencedor da competição de belas-artes da Feira Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, com uma peça gerada inteiramente por uma IA. O designer anunciou sua vitória em um servidor no Discord com alguns prints de tela com fotos do quadro exposto.

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O site oficial aponta que Allen ganhou na categoria arte digital com uma imagem na qual reuniu um estilo de pintura clássico (mais ou menos da época renascentista) a imagens futurísticas com uma "pegada" barroca. A peça foi criada a partir de um programa online chamado Midjourney, capaz de gerar fotografias e desenhos somente com um texto descritivo.

O autor garante ter feito mais de 900 tentativas para chegar ao resultado. Além disso, produziu inteiramente o roteiro, o qual foi reescrito diversas vezes, até a IA interpretar o resultado corretamente. Allen ressaltou, ainda, que precisou editar a imagem manualmente, portanto teria havido intensa participação humana no processo de criação.

Muita gente criticou o designer por não ter elaborado sua obra de arte premiada apenas com seus dotes intelectuais. No Twitter, por exemplo, há quem defenda até o fim da arte humana, afinal as IAs chegarão a um nível de perfeccionismo inalcançável pelas pessoas.

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Robôs pintores no lugar dos humanos?

Um dos argumentos mais coerentes foi a comparação entre IAs artistas e a participação de máquinas em esportes. Robôs não participam das Olimpíadas com humanos porque certamente ganhariam em quesitos físicos e intelectuais.

Por outro lado, existe a defesa de que a arte criada por pessoas deve seguir em um nicho específico, diferente dos trabalhos gerados artificialmente. Não existe problema de robôs criarem quadros e pinturas, desde que isso esteja explícito, defendeu outro usuário.

De fato, colocar uma IA para competir com um humano não parece justo. Toda obra exige tempo de planejamento na escolha dos elementos visuais, definição do estilo de pintura, seleção de matérias-primas. Robôs podem processar tudo isso e ainda apresentar o resultado em um ou dois segundos.

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Poderia uma máquina ser considerada um criador de arte? Ou quem coordenou o trabalho? Ou o criador da IA? O fato é que a criação de imagens daqui para frente deve ser produzida cada vez mais com o auxílio de ferramentas automatizadas.

Recentemente, o programa DALL-E, cuja premissa criativa é a mesma do Midjourney, foi usado para recriar a primeira página de uma história em quadrinho de Batman. Usando apenas o roteiro original de Alan Moore, e pequenas edições para fazê-lo caber no espaço reservado, a IA foi capaz de reproduzir com fidelidade as imagens desenhadas.